[okfn-br] USP pode perder o acervo de Paulo Rónai

Luiz Augusto lugusto em gmail.com
Quinta Abril 3 19:05:33 UTC 2014


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Date: 2014-04-03 15:32 GMT-03:00
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USP pode perder acervo de Paulo Rónai

Por Maurício Meireles em 01/04/2014 na edição 792

Reproduzido do Globo.com <http://oglobo.globo.com/>, 25/3/2014

Parecia que o acervo de Paulo Rónai (1907-1992), guardado há décadas num
sítio na Região Serrana do Rio, finalmente teria o destino correto: uma
instituição pública, que o catalogaria e abriria para pesquisadores. Mas
agora esse destino está ameaçado. Mergulhada desde o começo do ano em uma
crise para fechar as contas, a Universidade de São Paulo (USP), que no ano
passado acertara a compra do acervo com as herdeiras de Rónai, ainda não
pagou os R$ 800 mil combinados. Diante dos problemas financeiros da USP, o
destino do acervo ainda é incerto. Procurada, a universidade não respondeu
aos pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.

O compromisso da USP foi assumido em outubro do ano passado, depois de uma
disputa com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que também
estava interessada na compra do acervo composto por 7.813 livros e mais de
60 mil documentos. A universidade paulista não chegou ainda a transportar a
biblioteca para suas instalações, outro compromisso assumido com as
herdeiras. "Não pagaram nem um tostão. Me disseram que houve a mudança de
reitor e estão revendo todas as contas", afirma Laura Rónai, que liderou a
negociação em nome da família. "A coleção está se deteriorando. A casa está
com vazamentos e nós estamos preocupadas. Não é tarefa para uma família
cuidar dela, mas para uma instituição."

Em negociação conduzida pelo Sistema Integrados de Bibliotecas (SIB), a
promessa da universidade paulista era fazer o pagamento até dezembro de
2013. Laura Rónai afirma que chegou a enviar à instituição todos os
documentos que lhe foram pedidos para concluir a venda.

Com a virada do ano, houve uma troca de comando na reitoria da
universidade, agora liderada pelo professor Marco Antonio Zago. Sueli Mara
Ferreira, coordenadora do SIB durante a negociação e ligada ao antigo
reitor, deixou o cargo com a troca de comando.

Com a mudança, veio a público uma crise nas finanças da USP, que já iniciou
uma série de cortes para poder fechar as contas neste ano. Hoje, 99,8% do
orçamento da instituição são para pagar a folha dos funcionários - o que
fez a universidade congelar novas contratações e projetos em curso. O Museu
do Ipiranga, por exemplo, segue fechado e precisando de reformas.

O reitor anterior já havia usado boa parte do chamado "fundo de reserva",
dinheiro da USP investido no mercado financeiro, para tocar obras e
projetos. O novo reitor também vai usar essa verba. Depois de cumprir os
compromissos deste ano, estima-se que vão sobrar R$ 150 milhões -
prejudicando os investimentos futuros. "Falei com o pessoal do SIB, e eles
dizem que a negociação continua. Mas não dão prazo para o pagamento. Não
quero achar que fui enganada. Era uma promessa de a biblioteca do meu pai
ser cuidada como merece", diz Laura.

***
Maurício Meireles, do *Globo*
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed792_usp_pode_perder_acervo_de_paulo_ronai
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