[ciência aberta]Redes sociais, liberdades e ciência aberta

Kátia Cuba katiacccuba em gmail.com
Quarta Novembro 14 04:27:38 UTC 2018


Bom dia!🌞

Alexandre, agradeço muito vc  ter tomado seu tempo e escrito esse texto bem
esclarecedor, considerando que não tinha ainda lido seu capítulo de livro.
Comecei a ler, muito pertinente.

Porém, ao mesmo tempo que vc fala aqui positivamente de um momento
favorável para as plataformas descentralizadas, não sei não. Tenho minhas
dúvidas diante das perseguições em andamento e das projeções nada boas para
as universidades públicas...

Bom saber sobre o Diáspora e agradeço muito os links com as sugestões.
Falaram no grupo do Signal também

Queria saber se posso reproduzir seu texto ipsis litteris no grupo de
WhatsApp de onde saiu a insegurança sobre os apps e redes.

Até

Kátia C




Em domingo, 11 de novembro de 2018, Alexandre Hannud Abdo <
abdo em member.fsf.org> escreveu:

> Ni!
>
> Oi Kátia, toquei o assunto do e-mail para corresponder e contextualizar
> sua pergunta.
>
> Entendo que o a questão posta é pertinente à lista, uma vez que liberdade
> de cátedra e de expressão são pressupostos para ciência aberta, e nos
> encontramos diante da necessidade de defendê-las. A lei "anti-terrorismo",
> grave, não é nem a primeira e nem será a pior ameaça a ambas dentro do
> atual clima político do país.
>
> Não por acaso, colegas desta mesma lista tem produção a respeito de redes
> sociais e democracia. Em particular, junto ao Henrique Parra, publiquei
> alguns artigos buscando explicar o problema político de utilisar redes
> centralizadas onde o comportamento do usuário é o produto. Se me permite
> sugerir, a nossa última publicação
> <http://livro.democraciadigital.org.br/files/2017/05/Cap5_PARRA_ABDO_2016.pdf>
> considero a mais detalhada.
>
> Porém, é preciso entender o papel dessas redes na dinâmica política em
> questão. A partir da situação atual, no curto prazo, o uso de mídias
> sociais pro-usuário, se podemos chamá-las assim, servirá como importante
> defesa em situações de perseguição. Contudo, essas redes não serão o melhor
> meio para quem não precisa se defender reagir à perseguição, dado seu
> alcance significativamente reduzido.
>
> Já no longo prazo, com uma adesão em massa, e teria sido o caso se houvera
> uma mobilização nesse sentido antes da polarização ocorrer, mídias sociais
> pro-usuário podem contribuir para evitar a extremização e a propulsão de
> posições irracionais de todos os campos.
>
> Bem, concretamente, sobre a alternativa ao Facebook que você menciona, o
> software Diaspora - para quem não sabe, um software para rede social
> descentralizada - é significatiavmente limitado em modalidades de
> privacidade e não é estado-da-arte em segurança quando comparado a outros.
> Nesse universo eu recomendo o Hubzilla <https://project.hubzilla.org/>.
>
> Para chat, no lugar do Whatsapp a alternativa mais interessantes
> atualmente chama-se Riot <https://riot.im/>. A interface móvel dele é um
> pouco inabitual, mas está sendo retrabalhada para ser mais familiar. O
> nosso grupo mesmo já tem há tempos seu canal
> <https://riot.im/app/#/room/%23cienciaaberta:matrix.org> na rede do Riot.
>
> Porém, considerando o médio prazo, nenhuma dessas redes será adotada em
> massa enquanto não houverem organizações para prestar esses serviços
> difundidas pela sociedade, substituindo os monopólios cujo modelo de
> negócio é, assumidamente, conhecer para dividir, dividir para prever,
> prever para induzir.
>
> Isso exigirá que as pessoas apoiem essas organizações, o que é uma mudança
> de paradigma significativa. Na França existe como bom exemplo um coletivo
> de organizações desse tipo chamado CHATONS <https://chatons.org/>,
> constituído de empresas, associacões e cooperativas.
>
> No contexto da ciência e tecnologia, as universidades e outras
> instituições científicas estão em posição privilegiada, e estiveram por
> muito tempo organizadas, para prover serviços de informação e assim
> garantir ativamente as liberdades relacionadas de seus membros.
>
> Infelizmente, diferentes crises fizeram com que muitas instituições
> jogassem seus sistemas de informação nas mãos desses mesmos monopólios. Mas
> esse é um cenário que pode ser revertido, mesmo se de inicio em paralelo
> onde ja houve conversão. E o cenário atual pode ser condutivo a promover
> tecnologias mais seguras e descentralizadas, evitando a tendência por
> projetos isolados em cada instituição.
>
> Abraços,
>
> ale
> .~´
>
> On Sun, Nov 11, 2018 at 7:59 PM Kátia Cuba <katiacccuba em gmail.com> wrote:
>
>> Pergunto também se sabem algo sobre a plataforma Diáspora, se é segura...
>>
>> Em domingo, 11 de novembro de 2018, Kátia Cuba <katiacccuba em gmail.com>
>> escreveu:
>>
>>> Pessoal,
>>> Não sei se alguém comentou aqui...Mas diante desse quadro que se
>>> desenrola no país com a Lei antiterrorismo, tem muita gente preocupada com
>>> sua segurança na rede, sociais ou não, como WhatsApp, facebook Twitter etc
>>> Vocês teriam alguma sugestão nesse sentido?
>>> Obrigada
>>> Kátia C
>>>
>>
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