[okfn-br] Obrigado e parabéns ao time da Open Knowledge Brasil/Eu Voto
ari_hauck
ari_hauck em yahoo.com.br
Sexta Agosto 7 20:29:35 UTC 2015
Oi Thiago tudo bem?
Estamos esperando o parecer final do STJ liberando a REDE
Enviado por Samsung Mobile.
<div>-------- Mensagem original --------</div><div>De : Thiago Avila <tjtavila em gmail.com> </div><div>Data:26/07/2015 14:12 (GMT-03:00) </div><div>Para: "Grupo de interesse em conhecimento livre no Brasil, especialmente dados abertos // Open Knowledge discussion list for Brazil" <okfn-br em lists.okfn.org> </div><div>Cc: Jheni <jhenifferferrari em yahoo.com.br>,Isabela Meleiro <isameleiro em gmail.com>,PAIOLFILMES <anita em paiolfilmes.com.br>,Carimie Romano <carimie.romano em gmail.com>,Larissa Brainer <larissa em okfn.org.br>,Mariana Jó <mariana.jsouza em gmail.com>,Emerson Marques Pedro <nomado em gmail.com>,Rangel Arthur Mohedano <rangelart em gmail.com>,ariel em okfn.org.br,Wander Lima <contato.webmovie em gmail.com>,Ludmila Almeida <ludmilaalmeida em gmail.com>,Rafael Carvalho <rafascarvalho em gmail.com>,Rafael Poço <rafacpp em gmail.com> </div><div>Assunto: Re: [okfn-br] Obrigado e parabéns ao time da Open Knowledge Brasil/Eu Voto </div><div>
</div>Pessoal, parabéns pela iniciativa. Vou ver o vídeo com atenção.
Mesmo estando bem longe da maioria de vocês, acompanho as discussões da lista com entusiasmo, pois acredito na democracia e no conhecimento livre.
Concordo que não cabe ao Estado resolver tudo, mas o Estado precisa cumprir o seu papel corretamente, principalmente pela "fatura que ele nos cobra". Quero estar vivo para ver funcionando no Brasil um "Estado em Rede", conectado com outras redes.
Vamos que vamos.
Thiago
Em domingo, 26 de julho de 2015, Everton Zanella Alvarenga <tom em okfn.org.br> escreveu:
Em 25 de julho de 2015 09:44, Heloisa Pait <heloisa em okfn.org.br> escreveu:
Queria também agradecer a todos, foi um debate excepcional! Fiquei contente mesmo em ter participado!
Heloisa, que bom que gostou!! Eu não consegui na hora acompanhar todo o debate pois tinha que fazer várias coisas durante, mas vários trechos do vídeo no youtube e achei que tem muito o que podemos explorar a partir do que foi discutido. Quando tivermos a versão editada, espero achar tempo para escrever um post no nosso blog sobre o tema.
A frase da Marina que você citou teve bastante repercussão na mídia. Gostei em especial do que Diego Escosteguy disse: "Marina reclama que o povo nada faz contra a corrupção. Ainda bem. As instituições - aquelas que já existem - fazem por ele."
Helo, pode passar o texto completo onde isso foi dito? Eu tendo a discordar veementemente, pois está generalizando todas instituições, muitas delas falhas, arcaicas e ainda em desenvolvimento. Ainda mais num país que vive seu maior período de sua história numa democracia após décadas de uma ditadura militar. E quando falamos de democracia, a qual democracia nos referimos? Estamos falando da democracia liberal, que surgiu no século XVIII. Apesar dos avanços das instituições democráticas brasileiras desde o fim da última ditadura, não devemos deixar de ver a crise ela está, crise que ocorre até mesmo nas democracias liberais mais avançadas. Pensando só na França e Estados Unidos, muito mais maduras que a nossa e tiveram lideranças intelectuais no surgimento dessa democracia liberal, inspirando as revoluções francesa e americana, suas democracias estão também em crise. (1) E acho que isso está bastante relacionado com a crise civilizatória (crise econômica, crise social, crise ambiental, crise política e crise de valores) que estamos vivendo, enfatizado pela Marina Silva.
Hoje temos 7 bilhões de pessoas, no final do século XVII não tínhamos nem 1 bilhão de pessoas. Desde então tivemos diversos progressos (e. g., o surgimento dos direitos humanos - só após o fim da segunda guerra mundial!), mas nossos sistemas não estão atendendo a demanda da maioria da população mundial. E acreditar que nossas instituições democráticas estão sendo suficiente para diminuir a corrupção me parece muito ingênuo.
Só pensarmos no papel das escolas, que obviamente possuem um papel fundamental para diminuir a corrupção. Não explicamos nada sobre como funciona nossa política, não explicamos nada sobre o funciomantos dos poderes de nossa república, não ensinamos nada sobre nossos direitos civis. Falhamos até mesmo em ensinar a ler e escrever! Como podemos acreditar em nossas instituições quando, ao pensar numa das mais básicas, podemos elencar uma série de falhas gravíssimas para contribuir com o problema da corrupção.
Claro que nossas instituições democráticas estão progredindo em relação a época obscura das últimas ditaduras. E isso está contribuindo para diminuir a corrupção de diversas maneiras. Mas isso não é suficiente.
Será que as pequenas corrupções do dia-a-dia vão ser resolvidas pelas instituições? As pessoas vão parar de usar o jeitinho brasileiro por causa de alguma entidade burocrática?
Seja a corrupção na política, sejam essas pequenas corrupções do dia-a-dia, acredito que só teremos uma mudança cultural e efetiva quando os indivíduos passarem a ter uma postura mais de protagonista do que de espectador (pensando alto: questiono se nossa postura tão apática como meros espectadores não tem a ver também com termos começado a a alfabetizar nossa população numa época em que a TV surgira como grande meio de comunicação na década de 60). A questão aqui é desenvolver a capacidade de assumir a sociedade como seu problema, o povo como seu problema (coincidentemente vi agora um vídeozinho onde Darcy Ribeiro fala justamente isso, um grande exemplo de pessoa que, de fato, assumiu e agiu diante dos problemas da nossa sociedade), o que não é trivial, ainda mais com nossa tendência de não sairmos de nossas bolhas.
Outro aspecto importante que eu vi nessa fala da Marina foi o fato de simplificarmos os problemas como uma dualidade de visões (Partido A vs. Partido B, visão X vs. visão Y etc.), o que acaba dificultando o diálogo entre visões diferentes que almejam, muitas vezes, coisas parecidas.
Vou transcrever o que ela disse na conclusão de sua fala, esse trecho que gostei:
"A política está, aos poucos, perdendo a capacidade de fazer a transformação. Porque ele diz "Nós conseguimos liberdade para fazer qualquer coisa, menos mudar o sistema. E se temos liberdade de fazer qualquer coisa, menos mudar o sistema, esse leviatã está dizendo que nós não podemos mudar nada. E a política precisa se reconectar com a sua potência transformadora. É disso que se trata, é isso que está em jogo no mundo inteiro. E talvez essa crise da civilização não seja a militância de uma pessoa, de um grupo, de um partido. É a militância de todos ao mesmo tempo agora. Mas para isso a gente precisa estar conectado na visão. Para isso a gente precisa ter processos que sejam adequados e as estruturas sejam adequadas. A visão não pode ser uma visão autoritária, a verdade não está com nenhum de nós, ela está entre nós. Não pode ser uma estrutura rígida, tem que ser uma estrutura flexível, com plasticidade necessária para acompanhar a velocidade dos momentos. E obviamente que os processos altamente democráticos, sem a pretensão de homogeneizar o sonho e diluir as diferenças. Nós somos diferentes, sonhamos diferente, desejamos diferente.
Quando os projetos totalitários de direita ou de esquerda oferecem para você um destino, é sempre muito na base de que nós somos iguais, estamos todos caminhando numa mesma direção. Não é isso. Todo mundo tem interesse, não é errado ter interesse. O erro é quando alguém de forma ilegimia impõe o seu interesse ao interesse do outro. Depois do debate talvez a gente falar um pouco sobre como é que vejo a liderança para esse mundo que está se descortinando, qual é o papel da liderança, já que a gente não se pode ficar refém apenas das estrutura e das lideranças carismáticas. Eu digo isso com tranquilidade pois eu sei que tenho um certo carisma. Mas se existe uma coisa para a qual eu quero usar o carisma que tenho, é para convencer as pessoas que não dependam do carisma. O mundo complexo que temos diante de nós exige sujeitos, que se coloquem como sujeitos. E se colocando como sujeitos, assumindo suas responsabilidades.
Aqui no Brasil todo mundo está muito feliz de dizer que a culpa da corrupção é da Dilma. Enquanto a culpada pela corrupção for a Dilma, o Lula, o Sarney, o Collor, o Dom Pedro II e I, vai ter corrupção feia! Quando a corrupção virar um problema nosso, acabaremos com a corrupção, ou pelo menos criaremos instituições para coibí-la. Porque é praticamente impossível com seres humanos imperfeitos. Pessoas virtuosas criam instituições virtuosas. E instituições virtuosas corrigem as pessoas, quando elas falham em suas virtudes. Então não é sustentável achar que a corrupção é por causa de uma pessoa, de um grupo ou de um partido. Se for assim, nunca vamos resolver.
Enquanto a escravidão era um problema dos senhores donos de escravos, tinha escravidão no Brasil. Quando virou um problema de médico, advogado. de engenheiro, de política, de todo mundo, acabamos com a escravidão. A mesma forma com a democracia. Enquanto a ditadura era um problema de militares, ditadura feia. Quando a ditadura virou um problema de político, de religioso, de artistas, de jornalista de todo mundo, reconquistamos a democracia. Isso é a dimensão da sustentabilidade politica, tem uma outra complexidade que não se limita a dualidade esquerda-direita como a gente simplisticamente está acostumado a dizer. A gente tem que olhar para o mérito do que está acontecendo no mundo e trabalhar muito mais no campo dos paradoxos do que a mera e simples dualidade opositiva."
E as últimas eleições deixaram bem claro o quão distantes estamos de simplificarmos nossos problemas nessa dualidade opositiva. Acho que até mesmo aqui entre nós isso pode estar ocorrendo.
(1) Sobre a francesa, recomendo esse documentário 'I didn't vote', sobre a americana, parece que o Lessig expõe bem alguns de seus problemas no seu 'Republic, Lost', mas nem precisamos dessa intelectualização, estamos vendo nas ruas a partir dos movimentos de ocupação. E acho bacana a perspectiva geral que o pesquisador português Manuel Arriaga dá no livro 'Reboot Democracy' <http://rebootdemocracy.org/> sobre os problemas com a atual democracia, apontando suas principais falhas e propondo algumas soluções, além de listas tentativas ao redor do mundo.
Também acredito que devemos usar os meios para aprimorar nossas instituições, com todo o respeito que elas merecem. Elaborei melhor essa idéia no texto que postei ontem em nosso blog, http://br.okfn.org. Aliás, quem tirou as fotos? Super obrigada!!!
Para registro nos arquivos da lista, o link para sua boa reflexão: http://br.okfn.org/2015/07/24/tecnologia-e-representacao-substitutos-ou-complementares/
Foi a Isabela Meleiro, uma das voluntárias, quem tirou essa fotos, em breve coloco no nosso grupo no flickr e algumas no Wikimedia Commons.
Tom
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Thiago José Tavares Ávila
Mestrando em Modelagem Computacional do Conhecimento - Instituto de Computação - UFAL
Msc Student in Knowledge Computational Modeling - Computing Institute - UFAL
Curriculum Lattes/Academic Profile: http://lattes.cnpq.br/7744328862480065
Bacharel em Ciência da Computação/Bachelor in Computer Science - UFAL
MBA em Gerência Executiva de Projetos/MBA in Project Management - FGV
Membro do NEES - Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais
Member of NEES - Center for Excellence in Social Technologies
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