[okfn-br] Os próximos passos para a Fundação Ford

Carolina Rossini carolina.rossini em gmail.com
Quinta Junho 11 14:34:57 UTC 2015


---------- Forwarded message ----------
From: Darren Walker, Ford Foundation President <
DarrenWalker.President em fordfoundation.org>
Date: 2015-06-11 10:21 GMT-04:00
Subject: Os próximos passos para a Fundação Ford
To: crossini em publicknowledge.org


<http://link.fordfound.org/c/1/?aId=49484656&requestId=b16215-949134a0-78ff-4305-8179-e75f89cc09d5&rId=contact-e67ae23d7c97e411ba01005056b100d3-8c060db0bbd64ca5aff40c392b50839c&uId=0&ea=pebffvav%3Dbet%3Dchoyvpxabjyrqtr&dUrl=http%3A%2F%2Fwww.fordfoundation.org%2F%3F_cldee%3DY3Jvc3NpbmlAcHVibGlja25vd2xlZGdlLm9yZw%253d%253d%26utm_source%3DClickDimensions%26utm_medium%3Demail%26utm_campaign%3DProgram%2520Rollout%2520-%2520Brazil%2520%28Rio%2520De%2520Janeiro%29>

*NOTICÍAS |* 11 DE JUNHO DE 2015
 [image: Os próximos passos para a Fundação Ford: uma mensagem de Darren
Walker]

*Em setembro de 2014, quando escrevi sobre o meu primeiro ano no cargo de
presidente desta Fundação, eu pedi a todos vocês que fizessem algo que
seria de muita ajuda para mim: que me dissessem a verdade.*

Esse pedido simples gerou mais de 2.000 e-mails na minha caixa de entrada.
Alguns deles eram profundos e sábios. Outros, leves. (Como vocês podem
imaginar, havia vários pedidos de apoio financeiro). Mas todos eles eram
verdadeiros. E eu não poderia estar mais grato.

Ao ler e refletir sobre cada resposta, me conscientizei ainda mais sobre as
maneiras pelas quais podemos melhorar a nossa instituição, e cumprir a
nossa missão. Com efeito, estes últimos vinte e poucos meses têm sido uma
jornada transformadora. Durante todo este período, eu tenho sido desafiado
e tenho me sentido honrado. Em alguns casos, as minhas crenças foram
reafirmadas. Em outros, minhas suposições foram completamente abaladas. Em
todas as ocasiões, suas ideias construtivas e ás vezes provocantes mexeram
comigo, me estimularam e inspiraram.

Agora é a minha vez de ser sincero com vocês e partilhar o que aprendemos,
em que ponto estamos, e como os meus colegas e eu esperamos avançar no
caminho que temos á frente.
[image: O que aprendemos]

Muitos têm salientado, com razão, que a cultura da Fundação Ford é
desnecessariamente hierárquica e burocrática, e que nossa tomada de decisão
é lenta e opaca. Estas observaçôes não vêm apenas de fora da fundação, mas
também da nossa equipe. Quando realizamos nossa primeira pesquisa interna
no ano passado, colegas de toda a fundação levantaram estas mesmas questões.

Muitos de vocês me disseram que, em conjunto, o trabalho da Fundação Ford
tornou-se demasiadamente fragmentado e difuso, afirmando que no nosso caso
o todo não é maior do que a soma de suas partes. E em minha opinião, ele
deveria ser.

Mas a maioria dos comentários que recebi não foram sobre o *que* financiamos.
Foram sobre *como* nós fazemos financiamentos. Muitas vezes, as
organizações que financiamos nos disseram que nossa opção por priorizar
apoios a projetos em detrimento de apoios institucionais mais abrangentes
acabou por limitar o seu trabalho, forçando-as a se concentrar em produtos
em vez de estratégias de longo prazo e eficácia organizacional.

Além disso, muito embora a Ford já trabalhe há bastante tempo com
organizações ao redor do mundo, reconhecemos que em uma época de
transformações nas dinâmicas globais devemos ser melhores ouvintes e
aprendizes mais ávidos. Nosso sucesso como instituição filantrópica focada
na dignidade humana de todas as pessoas nos obriga a adaptar nossa missão
para atuar num mundo em que governos, instituições e ideias de várias
nações estão alcançando proeminência e liderança globais.

E, no entanto, em meio a tudo o que foi dito sobre como devemos melhorar,
fui repetidamente lembrado sobre os pontos fortes da fundação, profunda e
historicamente estabelecidos. Fui lembrado que, em muitos aspectos, a
história da fundação reflete a história dos avanços sociais ao longo das
últimas seis décadas – sejam os direitos civis nos Estados Unidos, a luta
contra o apartheid na África do Sul ou a busca da justiça racial e de
gênero ao redor do mundo nos dias de hoje.

Ao longo de sua história, a abordagem da Fundação Ford tem sido
caracterizada por uma ênfase contínua em estabelecer instituições; em
investir em indivíduos, capital humano e liderança; e em apoiar novas
ideias. Penso nestas dimensões como sendo os nossos *três Is.*

Temos ajudado a criar instituições tais como o Serviço Público de
Radiodifusão (o PBS norte-americano), o Centro de Recursos Jurídicos da
África do Sul, a Coordenação de Organizações dos Povos Indígenas da Bacia
Amazônica (COICA) e o Fundo Brasil de Direitos Humanos. Apoiamos milhares
de indivíduos e líderes comunitários extraordinários, que vão desde James
Baldwin até Gloria Steinem, de Muhammad Yunus a Ai-jen Poo. Cerca de 50
ganhadores do prêmio Nobel foram donatários da Fundação Ford – antes mesmo
que eles ganhassem seus prêmios. E nós temos investido em ideias e
pesquisas que têm semeado movimentos pioneiros – como os de justiça racial,
de direitos humanos, nas áreas de microfinanças, de serviços financeiros
para os pobres, movimentos socioambientais e no campo dos direitos de
Internet.

Embora as especificidades de nossas doações tenham evoluído ao longo dos
anos, estes três Is mantiveram-se constantes, refletindo nossa crença de
que aqueles que trabalham mais próximos dos problemas – assim como uma
comunidade diversificada de atores que, juntos, podem catalisar mudanças
significativas – são os que melhor podem contribuir para se alcançar a
dignidade humana.

Em vista disso, a questão que temos diante de nós agora, é: como podemos
identificar as instituições, indivíduos e ideias que nos levarão à próxima
etapa de avanço em direção à dignidade humana para todas as pessoas?

[image: Combatendo a desigualdade global]

Escrevi há algum tempo sobre as tendências globais sobre as quais
discutimos internamente na Fundação ao longo do ano passado, em nosso
esforço para compreender o estado da dignidade humana no mundo de hoje.
Analisamos tendências tais como: a onipresença do pensamento de curto prazo
nos mercados; o crescimento do extremismo; as consequências crescentes das
mudanças climáticas; e a luta da democracia para cumprir as suas promessas,
entre outros.

Entre essas muitas tendências, aquela com a qual nos deparamos repetidas
vezes foi o crescimento da desigualdade em nosso mundo. Isso abrange não
apenas as disparidades econômicas que emergiram no debate global nos
últimos anos, mas também a desigualdade na política e nas possibilidades de
participação; na cultura e na expressão criativa; em oportunidades
educacionais e econômicas; e nas maneiras preconceituosas com que as
instituições e os sistemas marginalizam pessoas de baixa renda, mulheres,
minorias étnicas, povos indígenas, afrodescendentes.

Estamos falando de desigualdade em todas as suas formas – desigualdade de
influência, desigualdade de acesso, desigualdade de agência, desigualdade
de recursos, desigualdade de respeito. Poderíamos argumentar que a
desigualdade, de uma forma ou de outra, está codificada em cada uma de
nossas mazelas sociais. Pesquisas demonstram que a desigualdade extrema
enfraquece o crescimento econômico e solapa a coesão social das sociedades.

Então, como vamos desenvolver programas para combater a desigualdade? Após
consultar líderes visionários, conversar com especialistas de diversos
países do mundo e rever os dados mais atuais disponíveis, pedimos às
equipes em nossos onze escritórios para desenvolver uma análise sobre as
manifestações da desigualdade em cada região – baseada em fatos
comprováveis e em sua própria experiência –, bem como uma avaliação das
causas subjacentes da desigualdade em seu contexto local.

Embora as manifestações variassem dependendo do contexto, a avaliação das
causas subjacentes foram visivelmente constantes em todo o mundo. Em termos
gerais, encontramos cinco fatores que contribuem de forma consistente para
a desigualdade:

   - narrativas culturais que solapam a justiça, a tolerância e a inclusão
   - acesso desigual aos processos de tomada de decisões e recursos
   governamentais
   - preconceito persistente e discriminação contra as mulheres, bem como
   contra minorias raciais, étnicas e de castas
   - regras da economia que ampliam a desigualdade de oportunidades e seus
   efeitos
   - o fracasso no investimento e na proteção de bens públicos essenciais,
   como educação e recursos naturais

[image: Para onde vamos]

Para enfrentar e responder a estes motores da desigualdade, trabalharemos
em seis áreas programáticas, que refletem as cinco dimensões elencadas
acima. São elas:

   - Criatividade e Livre Expressão
   - Economias Inclusivas
   - Engajamento Cívico e Governo
   - Internet Livre
   - Justiça de Gênero, Raça e Etnia
   - Oportunidades para a Juventude e Aprendizagem

Essas seis áreas temáticas não serão compartimentos estanques. Elas são os
ingredientes que cada um dos nossos escritórios – dependendo do contexto
local e das prioridades estabelecidas pelos parceiros locais – vai combinar
de forma criativa para combater as causas da desigualdade. Nós suspeitamos
que em muitos casos as mais dinâmicas linhas de frente da mudança social
serão encontradas não dentro destas seis áreas, mas nas interseções entre
elas. E os nossos valores fundamentais, incluindo a promoção da organização
comunitária e a defesa dos direitos humanos, estarão no centro de todas
elas.

Nós ainda estamos refinando cada uma das áreas programáticas, formando
equipes e programas regionais que reflitam esse pensamento maior. Estamos
consultando nossa comunidade de parceiros, e teremos mais clareza dentro de
alguns meses.

Em qualquer caso, o nosso trabalho nestas áreas não ambicionará dar conta
de tudo. Estas áreas programáticas podem estar definidas de forma bem ampla
no momento, mas elas vão tornar-se mais concretas e específicas à medida
que continuamos a refinar nosso pensamento, a aprender e a nos adaptar
através de nossas doações. Mais informações sobre esse processo virão mais
adiante.

[image: Construindo organizações saudáveis]

Nosso processo de reflexão não se limita aos temas que iremos abordar. Nós
também estamos repensando a forma como apoiamos as instituições, indivíduos
e ideias que tratam da desigualdade.

De acordo com a pesquisa mais recente sobre o *Estado do Setor Sem Fins
Lucrativos*
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realizada pelo *Nonprofit Finance Fund*, o maior desafio que as
organizações enfrentam hoje é "alcançar a sustentabilidade financeira em
longo prazo." Embora a pesquisa seja focada em organizações dos EUA,
sabemos que isto é verdade em muitas regiões ao redor do mundo.

Duas décadas atrás, quando estava à frente de uma organização sem fins
lucrativos, eu mesmo lidei com esta questão. Senti que a minha organização
estava recebendo muitos financiamentos para projetos, vindos de doadores
que subvalorizavam o tempo e os recursos que realmente eram necessários
para gerir de forma eficaz uma organização de desenvolvimento comunitário.
Grande parte do feedback que recebemos neste último ano ecoa esse
sentimento.

À luz de tudo isso, decidimos investir em organizações como parceiras e
oferecer a elas a confiança, a flexibilidade e o apoio adicional necessário
para que elas possam desenvolver seu trabalho com excelência.

[image: Vamos investir em organizações como parceiras e oferecer a elas a
confiança, a flexibilidade e o apoio adicional necessário para que elas
possam desenvolver seu trabalho com excelência.]

Como incubadoras tanto de indivíduos quanto de ideias, tais organizações
são essenciais para o desenvolvimento de um ecossistema robusto de atores
que combatem a desigualdade em todo o mundo.

Por esta razão, assumimos o objetivo de duplicar nosso compromisso de
fortalecer um grupo de organizações – chave que trabalham em nossas seis
áreas programáticas. Ao longo dos próximos cinco anos – de 2016 a 2020 –
nossos conselho nos autorizou a alocar até US $1 bilhão em um esforço
concertado para fomentar organizações mais fortes, mais sustentáveis e
muito mais duráveis.

Em alguns casos, isso pode significar doação maiores, de prazo mais longo,
que possam ser usadas de forma mais flexível. Em outros casos, pode
significar apoio a serviços que ajudem uma organizaçáo a se desenvolver,
adaptar, ou mesmo a fundir – se com outras. Seja qual for a forma –
dependendo do contexto e das necessidades de cada organização – o nosso
objetivo neste esforço é não perguntar "Como podemos fazer esta *doação* bem
sucedida?", mas sim "Como podemos ajudar a tornar esta *organização*
 bem-sucedida?"

Para chegar a este ponto, fui inspirado pelos meus colegas do setor
filantrópico que já estão realizando um trabalho importante para corrigir
desequilíbrios no que concerne ao financiamento de apoio institucional:
Larry Kramer na Fundaçáo Hewlett; Chris Stone na OSF; Nancy Roob na
Fundação Edna McConnell Clark; Sigrid Rausing do Fundo Rausing; Herb
Sandler na Fundação Família Sandler; Carol Larson da Fundaçáo Packard;
Kathleen Cravero-Kristoffersson da Fundação Oak; e Paul Shoemaker da Social
Venture Partners. O conselho deles foi inestimável e oferecido no espírito
autêntico de colaboração e parceria.

[image: O que isso significa]

Essas mudanças trazem implicações, e sei que muitos de vocês estão
preocupados com exatamente quais são as implicações para sua realidade em
particular, se a sua organização vai receber apoio sob estes novos
programas.

É quase certo que o fato de proporcionarmos apoios mais profundos e mais
intensivos resultará em menos doações, e, mais provavelmente, menos
donatários. Todavia, se o seu campo de atuação não estiver mencionado entre
os nomes de nossos programas, não é nossa motivação sinalizar um fim do
nosso apoio àquela área de trabalho. Esta evolução programática reflete as
mudanças do mundo, e as diferentes formas que precisamos operar para
continuar a localizar as linhas de frente da mudança social, onde quer que
possam surgir.

Essas mudanças também têm várias implicações internas, incluindo a forma
como estruturamos as equipes e como trabalhamos juntos para pensar sobre
nossas áreas programáticas – não como compartimentos isolados, mas como um
sistema integrado. E assim, juntamente com estas mudanças, vamos continuar
a desenvolver a nossa cultura interna para sermos mais ágeis; voltados para
a resolução de problemas; ambiciosos, porém humildes; corajosos e
transparentes.

Tomados em conjunto, eu chamo a nossa estratégia em evolução de
*FordForward* (AvanteFord). Ela é o nosso plano para o futuro da fundação –
como nós encaramos a filantropia no campo da justiça social para o século
21. E sendo um modelo, ela está longe de estar completa. Nas próximas
semanas, você ouvirá mais notícias de nós à medida que refinamos nosso
pensamento sobre a forma de combater a desigualdade de modo mais eficaz
dentro da diversidade de contextos em que trabalhamos.

O que me traz de volta a você. Enquanto estamos fazendo algumas grandes
mudanças na fundação, o que não mudará é o nosso compromisso de apoiar
aqueles que estão mais próximos dos problemas, engajando – se com todos os
setores de modo colaborativo, e levando adiante a causa da justiça,
direitos e dignidade para todas as pessoas, em todos os lugares.

Hoje não é um novo começo. É um próximo passo na jornada que começou oito
décadas atrás. Por mais de metade desse tempo, fui beneficiário ou estive
ligado á Fundaçáo Ford. Entretanto, eu nunca estive tão animado e otimista
sobre seu futuro – sobre a nossa capacidade de cumprir a promessa de nossa
missão e o propósito do nosso trabalho. Estou entusiasmado para continuar a
nossa jornada seguindo adiante, juntos.

Com gratidão,

Darren Walker


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*Carolina Rossini *

*Vice President, International Policy and Strategy *
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