[okfn-br] Posicionamento do Conselho Deliberativo da Open Knowledge Brasil
Heloisa Pait
heloisa em okfn.org.br
Segunda Junho 22 15:42:51 UTC 2015
Olá,
Li em diagonal as mensagens postadas nesse thread. Do que foi dito, eu
concordo com a crítica do Andres quanto às reuniões e discussões paralelas.
Eu estou também achando confusos e cambiantes todos esses fóruns distintos.
Tem muita coisa que eu não tenho a menor idéia de em que pé está. Não é
algo novo, isso. É algo já identificado há muito. Onde estão as informações
e discussões todas? Não sabemos.
Falei na lista e em um desses fóruns paralelos: eu preciso de informações
completas para ir em alguma reunião, então ainda estou aguardando o que o
Tom tem para compartilhar, de modo formal. Sem informações, ir em reunião
só será desgastante.
Também queria dizer que entendo a frustração do Andres; minha posição
sempre foi: vamos nos pautar pelas regras que temos e partir daí. Quanto
mais cedo essa posição tivesse sido tomada, menos desgaste teríamos. Numa
das discussões paralelas, eu cheguei até a ser ríspida: disse que líderes
de verdade não ficam olhando caladas as pessoas entrando no atoleiro. Acho
então que vale um pedido de desculpas por esse comunicado tardio. Por que
essa decisão demorou tanto, eu vou ser muito sincera com vocês: por favor,
nem me contem que eu não quero saber.
Também me perguntaram em outro fórum sobre o trabalho do começo do ano. Eu
achei muito ruim no momento e com resultados piores ainda. Disse antes do
encontro e reafirmei recentemente que precisamos de coisas práticas para
manter uma prática de transparência, de efetividade de decisões, e de
respeito ao estatuto e outras regras de atuação, o que aquele trabalho não
forneceu. Há muitas pessoas, entre nós mesmos, que podem fazer um trabalho
muito bom de orientação, pessoas ponderadas e conhecedoras de organizações.
Todas as minhas posições relevantes estão na lista pública ou nessa
mensagem. Posso não ter agradado ninguém, mas a transparência tem seus
riscos mesmo.
Heloisa
2015-06-20 11:51 GMT-03:00 Andres MRM <andres em inventati.org>:
>
> Sou obrigado a discordar da Heloísa. A carta me preocupou bastante, para
> não
> dizer "ofendeu", pois ela parece tentar deslegitimar a participação das
> pessoas que têm se esforçado e dedicado para frequentar as reuniões da
> OK-Br,
> e construí-la nos últimos meses.
>
> Defendemos a participação, criticamos a posição autoritária dos governos,
> questionamos a democracia "representativa", mas quando temos a chance de
> fazer
> diferente repetimos os mesmos erros. Apenas ouvir a comunidade, permitindo
> uma
> participação "ilusória", os governos também sabem fazer, distribuir o
> poder de
> fato é que é a questão.
>
> Felizmente (ou não) a carta deixou vários pontos em aberto, o que me dá
> esperança de que sejam respondidos de forma mais razoável.
> Faço os questionamentos abaixo.
>
> > Entendemos legítimas, valorizamos e estimulamos as reuniões do "Conselho
> > ampliado" mas, em última instância, as mesmas não têm caráter
> deliberativo
> > na organização. Trata-se de um espaço de participação da comunidade, um
> > local de troca e discussão de temáticas e projetos e que tem contribuído
> > para dar maior alcance aos projetos e ideias da organização. Os
> > questionamentos que possam surgir no espaço devem ser levados para as
> > estruturas formais existentes que tem, não somente a prerrogativa para
> > isso, como responderão perante as autoridades competentes pelas decisões
> > tomadas.
>
> Qual o papel das reuniões "ampliadas" então? Escutar a comunidade mas, se
> não
> houver consenso, o D.E. decide e depois vai para o Conselho Deliberativo?
> É essa a visão de "participação" que o Conselho Deliberativo tem?
>
> > Em relação a um dos compromissos formais assumidos pela organização,
> > especificamente o Memorandum of Understanting com a OKI, é importante
> > explicitar a posição de Rufus Polock, presidente e fundador da Open
> > Knowledge Foundation. Em reunião com este conselho em 05 de junho de
> 2015,
> > houve um entendimento de que a organização criada no Brasil deveria
> contar
> > com a participação ativa de pessoas ligadas à comunidade do conhecimento
> > livre, mas que isso não significa necessariamente em uma organização
> gerida
> > pela comunidade.
>
> Que pena que o Rufus acha "ok" usar a comunidade quando interessa para ele,
> mas não dar voz a ela quando ela quer ser ouvida. Felizmente aparentemente
> ele
> não impôs isso para a OK-Br. A decisão sobre como gerir a OK-Br ainda é
> "nossa", ou deveria dizer, de "vocês", certo?
>
> > Esse acordo, como outros, foram viabilizados pelo empenho do diretor
> > executivo que é quem responde legalmente pela organização criada no
> Brasil.
> > Reconhecemos o papel protagonista de Everton Zanella Alvarenga na
> > constituição formal da organização e na condução de projetos, obtendo
> > resultados positivos para o pequeno período de existência da Open
> Knowledge
> > Brasil. Entendemos que o mesmo deve gerir a organização com autonomia e
> > zelar pela a missão e os valores da OK BR, sendo essas as prerrogativas
> de
> > sua função.
>
> Sem dúvida que o Tom é importante para a OK-Br, mas acho que concordam que
> ele
> não é o único, certo? E essas outras pessoas, ao meu ver igualmente
> importantes, não deveriam também ter direito de participar do processo
> decisório? Ou acham que eleger o D.E. e conselheiros a cada 3 anos basta?
> Humm, já ouvi essa história antes...
>
> > Cabe lembrar que, embora existam desde a origem visões distintas sobre
> como
> > a organização deve funcionar, a OKBR foi criada com base em estatuto
> > elaborado com a participação de seus membros fundadores e que o mesmo
> serve
> > de lastro para a organização.
>
> E sobre o estatuto dizer que o D.E. não pode ter remuneração?
>
> "Artigo 25°- Ao Conselho Deliberativo compete: [...] II – aprovar
> a verba
> de remuneração da Diretoria Executiva, cujos diretores
> desempenharão suas
> atividades em caráter voluntário, sem direito a qualquer
> remuneração"
>
> http://br.okfn.org/estatuto-social-da-open-knowledge-foundation-brasil
>
> Tendo em vista que nossa atual Diretoria Executiva é composta por apenas
> uma
> pessoa, assume-se que ela seja a diretora da Diretoria Executiva, logo, não
> poderia ser remunerada. Qual a interpretação do Conselho sobre isso?
>
> O meu ponto é o seguinte: a carta tenta usar o estatuto como forma de
> legitimar o poder do Conselho Deliberativo. Mas o atual estatuto é
> sabidamente
> falho. Vão segui-lo à risca quando interessa e ignorar o restante?
>
> > Gostaríamos de reforçar nesse comunicado que mensagens dirigidas ao email
> > conselho.deliberativo em okfn.org.br são entregues aos membros deste
> conselho
> > e pretendemos divulgar em breve o calendário de suas reuniões.
>
> Que reuniões são essas? Reuniões do Conselho Deliberativo "NÃO ampliado"?
> Elas já vinham ocorrendo? Elas serão abertas? Se serão abertas, então
> porque a
> última, que produziu essa carta, não foi?
>
> > Por esse motivo, estamos convocando a ASSEMBLEIA ORDINÁRIA, para
> > apresentação do relatório anual e definição do cronograma de reuniões
> > trimestrais do Conselho Deliberativo. No período entre as reuniões,
> > estaremos abertos para ouvir toda e qualquer sugestão, vinda de
> associados
> > ou não, interessados em maior ou em menor grau pela atuação da OKBR.
>
> Essa é a pauta da assembleia, "apresentação do relatório anual e definição
> do
> cronograma de reuniões trimestrais do Conselho Deliberativo"?
> Alterações no estatuto, como a falha apresentada acima, não serão
> discutidas?
> Quem vai ter direito a voto? Só os associados efetivos? Quem será
> considerado
> associado efetivo, apenas os que já são ou vão aceitar os "novos" membros?
>
>
> Por fim...
> Tenho feito um esforço para participar da OK-Br desde o encontro de
> governança
> de março, o qual me fez acreditar que eu também fazia parte dela. Tenho
> participado de quase todas as reuniões e lido todos os e-mail dessa lista,
> buscando estar informado para poder dar opiniões qualificadas no debate.
> Tenho
> gasto manhãs inteiras (como estou fazendo nesse momento) para mandar
> e-mails
> "abertos" nessa lista, acreditando que discussões relativas à tod em s nós
> devem
> ser feitas de maneira transparente, em espaços "abertos".
>
> O fato do D.E. e dos conselheiros terem parado de discutir a questão aqui
> na
> lista e nas reuniões abertas, e agora essa carta do Conselho Deliberativo,
> mostram que discussões importantes estão sendo feitas de maneira fechada e
> não
> transparente. Fato que considero contraditório com os valores da OK-Br e um
> desrespeito para com as pessoas que estão tentando segui-los.
>
> Termino com duas citações (original e tradução) do texto que o Tom mandou
> para
> a lista esses dias ("The Tyranny of Structurelessness"), mais
> especificamente,
> duas recomendações que a autora faz.
>
> A primeira acho que tem tudo a ver com a questão das discussões fechadas:
>
> Diffusion of information to everyone as frequently as possible.
> Information is power. Access to information enhances one's power.
> When an
> informal network spreads new ideas and information among themselves
> outside the group, they are already engaged in the process of
> forming an
> opinion -- without the group participating. The more one knows
> about how
> things work and what is happening, the more politically effective
> one can
> be.
>
> Difusão de informação a todos com a maior frequência possível.
> Informação é poder. O acesso à informação aumenta o poder. Quando
> uma rede
> informal dissemina novas ideias e informações entre si, sem passar
> pelo
> grupo, ela está envolvida num processo de formação de opinião sem a
> participação do grupo. Quanto mais uma pessoa sabe como as coisas
> funcionam e o que está acontecendo, mais politicamente eficaz ela
> pode
> ser.
>
> E a segunda com a questão do poder nas mãos de um grupo reduzido:
>
> Distribution of authority among as many people as is reasonably
> possible.
> This prevents monopoly of power and requires those in positions of
> authority to consult with many others in the process of exercising
> it. It
> also gives many people the opportunity to have responsibility for
> specific
> tasks and thereby to learn different skills.
>
> Distribuição da autoridade entre tantas pessoas quanto possa ser
> razoavelmente possível. Isso impede o monopólio do poder e exige
> daqueles
> em posições de autoridade que consultem muitas outras pessoas no
> exercício
> de seu poder. Também oferece a muitas pessoas a oportunidade de ter
> responsabilidade por tarefas específicas e dessa forma aprender
> habilidades específicas.
> _______________________________________________
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