[okfn-br] Institucionalizando lavagem de dinheiro: mudanças graves nas doações políticas

Everton Zanella Alvarenga tom em ok.org.br
Segunda Setembro 14 17:26:37 UTC 2015


Ficamos atentos ao BBB da política e não vimos essa movimentação ocorrendo.
O Marcelo Soares, da Folha de São Paulo, já havia chmando atenção para isso
em abril desse ano. Precisamos ficar mais espertos.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/04/1618410-patopolis.shtml

Marcelo Soares: Patópolis

Era uma vez uma cidade fictícia chamada Patópolis, que vivia uma forte
crise política, com parte da população saindo às ruas para dizer que todos
os seus representantes eram uns ratos.

Para responder aos clamores da rua, o Partido da Disneylândia (PD) adotou
um discurso que pegava bem: anunciou que deixaria de aceitar dinheiro de
empresas, apenas de pessoas físicas. A proibição à doação de empresas é
levada a sério como uma bala de prata para a reforma política em Patópolis.

Uma das maiores doadoras de campanhas em Patópolis é a empreiteira
Patinhas, cujas obras foram acusadas de superfaturamento no caso PetroPato
e no cartel do trailerzão ("ela vem pela montanha, ela vem"). Seus
executivos sênior, Tio Patinhas e Pato Donald, chegaram a ser presos.

Veio a eleição daquele ano, e o Partido da Disneylândia recebeu doações
milionárias das pessoas físicas Huguinho, Zezinho e Luizinho. Jovens
empresários, eles fazem o que quiserem com suas moedas, desde que declarem
oficialmente. Tudo dentro da lei.

O que só a junta comercial de Patópolis sabe, porém, é que os três patinhos
são sobrinhos do Pato Donald e diretores da Patinhas. O Pateta e o
Professor Pardal, eleitores comuns, não têm a obrigação de saber quem
trabalha onde.

Um dia, o jornal "Planeta Diário", de Metrópolis, publicou essa informação,
ligando o dinheiro doado ao PD à caixa-forte do Tio Patinhas, abastecida
pelo dinheiro da PetroPato, numa maneira esperta de ocultar a origem
empresarial do dinheiro.

A reação foi forte. O PD acusou o "Planeta" de estar querendo acabar com o
mundo maravilhoso da Disneylândia com sua má vontade. Huguinho, Zezinho e
Luizinho, diz a nota do PD, são apenas empresários interessados em fazer
avançar a democracia.

No DuckBook, claques entusiasmadas passaram semanas divididas entre os que
acusam a imprensa de ter má vontade e os que acusam o PD de ser ladrão. Tio
Patinhas aguarda para mergulhar em sua piscina de moedas.
Fora dos desenhos animados, claro, a vida é diferente.

2015-09-14 9:47 GMT-03:00 Heloisa Pait <heloisa em ok.org.br>:

> Bem, essa mudança na lei é muito séria. Acho que o que está a nossa
> alcance no momento é enviar para os jornais links de artigos sobre
> aplicativos que fazem esse mapeamento, para dar subsidios aos jornalitas
> para a importância dessa informação.
>
> Se alguém tiver tempo, também pode ser interessante escrever um artigo com
> essas informações e divulgar. Ou seja, buscar esclarecer o público sobre a
> importancia desses dados. Uma versão expandida do email do Tom.
>
> Nada mais me passa a cabeça. Tecnologicamente, criar aplicativo que mostre
> as possíveis doações, por datas e volume? Não acho efetivo. Ver quem votou
> nesse estropício, e ver as doações dessas pessoas? Pode ser.
>
>
>
>
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