[okfn-br] Palavra Aberta?

Arthur Serra Massuda a.serramassuda em gmail.com
Sexta Abril 26 16:12:18 UTC 2013


A (in)capacidade é a mesma, mas as instituições em torno não. Não é preciso
convencer ninguém se as regras orientam essas capacidades dentro de um
jogo. E como é o jogo do debate público? Jornalistas falando sobre o mundo
dentro da imprensa sobretudo privada. Isso é um modelo liberal, não precisa
convencer ninguém, é só entrar no jogo que já está funcionando.

Eu basicamente argumento que esse jogo foi criado a partir de princípios de
mercado, não princípios democráticos. Meu mestrado analisa o modelo de
debate público democrático recomendado pelo sistema interamericano de
liberdade de expressão: é cópia e cola do liberalismo utilitário, fundado
na economia política, pensando na harmonia social a partir da competição e
dos interesses.

Esses não são princípios democráticos. (Pensar democracia a partir da
gestão de interesses conflitantes é não pensar na diversidade de sujeitos
de direito que buscam reconhecimento social - minorias, movimentos, povos
tradicionais, grupos identitários. A democracia deveria estar mais
preocupada na ampliação da noção coletiva respeito social e menos em
defender interesses, na minha concepção - que é a de Axel Honneth.) Como
pensar a imprensa a partir da democracia, não do mercado, é o atual desafio
da liberdade de expressão. Veja bem, não se trata de estatizar, mas de
democratizar, expandir valores e regras democráticas para os diferentes
espaços sociais. Eu escolhi o debate público. E essas foram algumas das
minhas conclusões.

Quanto tiver tempo, gostaria que você fosse mais clara nos valores
discordantes, seria muito importante para a elaboração da minha dissertação
ter esse feedback.

Abraços,



2013/4/26 Heloisa Pait <heloisa.pait em gmail.com>

> Li e achei o que você escreveu fascinante. Discordo completamente, mas
> você realmente resumiu a questão. Parabéns!
>
> Estou inclusive escrevendo um artigo sobre os dilemas do liberalismo no
> Brasil e aí está; a ideologia liberal não convence ninguém. Na prática, no
> dia-a-dia, somos libertários. A capacidade que eu tenho de mandar na minha
> faxineira e nos meus alunos se equipara à capacidade do reitor da UNESP em
> mandar na minha vida. Cada um faz nesse país o que lhe dá na telha.
>
> Mas a ideologia não nos desce a goela.
>
> Obrigada!
>
> On 26/04/2013, at 11:35, Arthur Serra Massuda <a.serramassuda em gmail.com>
> wrote:
>
> > Condicionar esse controle a algumas necessidades da democracia (desde os
> mais clássicos, como a regulamentação do direito de resposta, até alguns
> mais ousados, como a diversidade ou eleição do conselho editorial)
> significa sim ir contra a livre iniciativa, pois diminui a influência do
> proprietário no próprio negócio. Se essas organizações como Millenium e
> Palavra Aberta conseguirem conceber que livre iniciativa, assim como
> liberdade de expressão, não é um valor absoluto, tenho certeza que uma
> aliança seria possível.
>
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