[okfn-br] Palavra Aberta?

Felipe M Pait felipe.pait em gmail.com
Segunda Abril 29 18:21:47 UTC 2013


O fato é que imprensa é cada vez menos um bom negócio. Um uso pouco rentável do capital. Porque a tecnologia está tornando a distribuição do conteúdo muito fácil e barata. Pelo mesmo motivo, o controle da midia pelo dono do veículo está se tornando ineficaz. Ser dono da marca "Planeta Diário" dá menos poder, e nenhum dinheiro. Quem quiser faz jornalismo, sem precisar de patrão. O jornalismo vai bem, mas os jornais vão mal.

Então o controle da mídia pelos sovietes, se vier, vai ter que vir através da polícia e da censura. A ocupação da fábrica de papel-imprensa pelo Partido não vai ser suficiente para controlar a imprensa. Ou liberaliza, ou norte-koreíza. Não vai haver meio termo, nem o estamento nem a tcheka conseguem dirigir a imprensa através de doações semiabertas aos blogs governistas. Veja por exemplo o caso da China: o mundo inteiro, até - pasmem! - os próprios chineses, sabe da corrupção dos dirigentes do Partido lendo o NYTimes e Bloomberg - que obtiveram as informações de fontes abertas. Meu palpite: a China vai abrir, a Rússia vai fechar, a Argentina vai continuar em crise por mais 100 anos, e o Brasil com a graça de Deus vai continuar essa bagunça que amamos.

E aviso aos navegantes! O trabalhos dos assim-chamados "pensadores" zizekistas são só para render publicação, obter alvará de pesquisador da Capes, pode citar para fazer Lattes mas não existe a recomendação de espalhar para fora da academia, nem para a "reality-based community".


On 26 Apr 2013, at 12:12 PM, Arthur Serra Massuda <a.serramassuda em gmail.com> wrote:

> 
> A (in)capacidade é a mesma, mas as instituições em torno não. Não é preciso convencer ninguém se as regras orientam essas capacidades dentro de um jogo. E como é o jogo do debate público? Jornalistas falando sobre o mundo dentro da imprensa sobretudo privada. Isso é um modelo liberal, não precisa convencer ninguém, é só entrar no jogo que já está funcionando.
> 
> Eu basicamente argumento que esse jogo foi criado a partir de princípios de mercado, não princípios democráticos. Meu mestrado analisa o modelo de debate público democrático recomendado pelo sistema interamericano de liberdade de expressão: é cópia e cola do liberalismo utilitário, fundado na economia política, pensando na harmonia social a partir da competição e dos interesses.
> 
> Esses não são princípios democráticos. (Pensar democracia a partir da gestão de interesses conflitantes é não pensar na diversidade de sujeitos de direito que buscam reconhecimento social - minorias, movimentos, povos tradicionais, grupos identitários. A democracia deveria estar mais preocupada na ampliação da noção coletiva respeito social e menos em defender interesses, na minha concepção - que é a de Axel Honneth.) Como pensar a imprensa a partir da democracia, não do mercado, é o atual desafio da liberdade de expressão. Veja bem, não se trata de estatizar, mas de democratizar, expandir valores e regras democráticas para os diferentes espaços sociais. Eu escolhi o debate público. E essas foram algumas das minhas conclusões.
> 
> Quanto tiver tempo, gostaria que você fosse mais clara nos valores discordantes, seria muito importante para a elaboração da minha dissertação ter esse feedback.
> 
> Abraços, 
> 
> 
> 
> 2013/4/26 Heloisa Pait <heloisa.pait em gmail.com>
> Li e achei o que você escreveu fascinante. Discordo completamente, mas você realmente resumiu a questão. Parabéns!
> 
> Estou inclusive escrevendo um artigo sobre os dilemas do liberalismo no Brasil e aí está; a ideologia liberal não convence ninguém. Na prática, no dia-a-dia, somos libertários. A capacidade que eu tenho de mandar na minha faxineira e nos meus alunos se equipara à capacidade do reitor da UNESP em mandar na minha vida. Cada um faz nesse país o que lhe dá na telha.
> 
> Mas a ideologia não nos desce a goela.
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> Obrigada!
> 
> On 26/04/2013, at 11:35, Arthur Serra Massuda <a.serramassuda em gmail.com> wrote:
> 
> > Condicionar esse controle a algumas necessidades da democracia (desde os mais clássicos, como a regulamentação do direito de resposta, até alguns mais ousados, como a diversidade ou eleição do conselho editorial) significa sim ir contra a livre iniciativa, pois diminui a influência do proprietário no próprio negócio. Se essas organizações como Millenium e Palavra Aberta conseguirem conceber que livre iniciativa, assim como liberdade de expressão, não é um valor absoluto, tenho certeza que uma aliança seria possível.
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