[okfn-br] IBICT

Helio Kuramoto alokura2010 em gmail.com
Sexta Julho 19 16:52:59 UTC 2013


Prezado Luiz,

Para tentar responder as duas dúvidas, faço a resposta em cima do texto
constante no link enviado, com a minha resposta em vermelho:

"A minha impressão de estagiário de biblioteconomia é que o IBICT sempre
ficou mais visível aos bibliotecários de bibliotecas especializadas e
universitárias. Tanto que eu, estagiando em uma especializada, infelizmente
tenho plena ciência da degradação que o Instituto vem sofrendo.

Mas, posso estar enganado, essa degradação me parece ser a mesma que a
FBN/Biblioteca Nacional vem passando, e que a profissão de bibliotecário
como um todo também vem passando aqui no Brasil, pelas dificuldades, faltas
de conhecimento, teimosias pessoais etc etc etc da profissão como um todo
em conseguir abraçar o meio digital além do meio tangível/papel.
Nâo conheço a história da FBN ou BN mas, o que posso dizer é que a missão
institucional do IBICT, pelo menos a que está escrita em sua missão é:
"Promover a competência, o desenvolvimento de recursos e a infraestrutura
de informação em ciência e tecnologia para a produção, socialização e
integração do conhecimento científico-tecnológico."


Bem, isto posto, o IBICT foi criado no ano de 1954 como IBBD - Instituto
Brasileiro de Bibliografia e Documentação, em meados dos anos 70, essa
instituição teve a sua denominação alterada para IBICT, exatamente para
tartar, além dos serviços de informação científica e tecnológica, teria
também a incumbência de formular pólíticas de informação para o País.
Enfim, ao longo desses anos, o IBICT foi perdendo a sua substância e, hoje,
pelo que se tem notícia, tem como principais projetos aquees relacionado à
inclusão social e, mais nada.

Exemplo: bibliotecas nacionais da Europa, Ásia, Oceania e a Biblioteca do
Congresso Americano já possuem vasta experiencia em preservação digital,
tendo inclusive seus próprios webarchives.

Aqui no Brasil temos:

1) a FBN que deixa vazamentos e infiltrações destruírem suas coleções de
periódicos impressos;

2) funcionários que, quando questionados sobre o que farão com as
publicações em CD-ROM enviadas por efeito da lei de depósito legal, ficam
perdidos, direcionando telefonemas de um estado a outro (enquanto em outros
países os CDs somem do cenário, aqui eles somem sem nem ter entrado em
cena...);

3) (ainda da FBN) um projeto de digitalização de documentos históricos que
ou não anda sendo ampliado ou não é feliz em sua divulgação, além de
depender de tecnologia e procedimentos proprietários de uma só empresa
(DocPro);

4) Grandes pesquisadores com grande conhecimento de preservação digital,
tando na FBN quanto no IBICT, mas que ainda não conseguiram nem implementar
seus projetos menos ambiciosos;

5) etcs milhares

Voltando ao IBICT em si, é ele no Brasil a referência em DSpace e SEER/OJS,
e grande responsável, ou no mínimo aliado, das editoras universitárias
virem colocando seus periódicos em acesso aberto. Mas, mesmo nessa
iniciativa, me parece que estão conseguindo ter tímidos desenvolvimentos
nos últimos anos.
No início dos anos 2000, o IBICT sofreu um grande impacto com as mudanças
governamentais e com a introdução das Tecnologias da Informação e da
comunicação (TICs). A consequëncia desses fenômenos provocou uma certa
descontinuidade administrative e, um novo diretor foi escolhido pelo MCTI -
MInistério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em 2005, o referido ministro
escoheu para diretor o atual director, que já se encontra naquele posto, há
mais de 10 anos, pois, já estamos em 2013 e, é bom que se relembre, o seu
mandato já terminou, visto que, esse cargo tem um mandato e, ele já o
exerceu por mais de 10 anos. Portanto, não seria mais elegível. A
introdução das TICs obriga que os antigos prdutos como o Catálogo Coletivo
Nacional de Publicações Seriadas seja reformulado para ter maior
visibilidade e eficiência, o que não foi feito. O que se vê nesse governo é
que a Capes empreendeu o seu Portal de Periódicos Científicos, que sobrepôs
o antigo CCN, obviamente, a custos muito mais elevados, e nada se fez
quanto ao CCN e as bibliotecas cooperantes vivem com suas coleções se
definhando por falta de apoio governamental para mantê-las. Faltou
iniciativas do IBICT par que pudesse evitar tal desfecho mas, o IBICT nada
fez. Para não dizer que o IBICT nada fez para o setor, é importante
ressaltar que no início dos anos 2000, o  IBICT empreendeu a Biblioteca
Digital de Teses e Dissertações, hoje com cerca de 200 mil teses e
dissertações registradas. Isto poderia ser considereda uma grande vitória.
No entanto, a Capes, iniciou, por meio de ofícios as unidades que mantinham
programas de pós-graduação, a solicitação dos registros de teses e
dissertações para criar, à partir do ano de 2005, o seu catálogo de teses e
dissertações no sítio Domínio Público, com muito menos metadados que a BDTD
do IBICT. Nesse portal domínio public, existem cerca de 114 mil teses e
dissertações, com um conjunto de metadados muito inferior à da BDTD. O que
não dá para entender é porque duas instituições do governo federal lançam
serviços concorrentes, não seria muito mais econömico e mais objetivo que
apenas uma instituição fizesse essa função de registro e disseminação das
teses e dissertações? Enfim, existem coisas que não se pode entender nesse
governo atual.

Enfim, as dicussões sobre essa questão envolvendo o IBICT transcende o
simples papel do IBICT. A distribuição do DSpace e do SEER é uma ação
desenvolvida no passado e, que hoje, o Instituto não consegue gerir. No
passado, o IBICT tinha um setor responsável pela prospecção tecnológica,
que visava estudar e descobrir novas tecnologias para apoiar a gestão de
informação no País, inclusive, boa parte do que o IBICT distribuiu foi
graças a um trabalho desenvolvido por mim, hoje, essa area está entregue às
moscas ou pelo menos estavam. Graças a esse trabalho, hoje, existem no País
mais de 800 periódicos científicos eletrônicos. Não sei se todos estão
ativos e funcionando, porque infelizmente as instituições brasileiras
também não conseguem manter os seus funcionários. Houve, em passado
recente, um grande esforço para o treinamento de usuários quanto ao uso do
SEER. Sei que muitos que estavam utilizando esse software deixaram os seus
postos para se transferirem para outras unidades. Isto é um fato.

Não sei se consegui dirimir todas as suas dúvidas. Mas, se tiver mais
alguma dúvida pode me escrever que respond.

Um abraço.
Helio Kuramoto

2013/7/19 Everton Zanella Alvarenga <everton.alvarenga em
okfn.org<http://lists.okfn.org/mailman/listinfo/okfn-br>
>

>* Oi, Caro e professora Sueli. *>* *>* Alguém tem algum texto mais
explicativo que o parágrafo abaixo e as *>* explicação desse abaixo
assinado? *>* *>* No abaixo assinado diz: *>* *>* "Por que isto é
importante *>* *>* Ao longo dos últimos 10 anos o IBICT vem perdedo a sua *>
* representatividade junto à comunidade científica brasileira e
*>*internacional, por conta da sua expressiva falta de atuação nas
*>* iniciativas mais importantes objetos de sua missão institucional. Essa *
>* fraca participação institucional provocou o seu enfraquecimento como *>*instituição importante na condução de projetos da área. Como
*>* resultado, o que representa hoje o IBICT no seio da comunidade
*>*científica brasileira? O que faz hoje o IBICT em prol da informação
*>* científica e tecnológica? Quem conduz hoje as principais
iniciativas *>*em prol dos pesquisadores brasileiros? Por que o CCN
parou no tempo?
*>* Existe alguma liderança, no Brasil, preocupada com a informação
*>*científica? Enfim, há diversas questões no ar sem respostas."
*>* *>* Vejo aí mais perguntas do que levantamento de problemas. Ponha-se
no *>* lugar de alguém da sociedade civil sem nenhum contato com a
comunidade *>* científica, como explicariam a importância do IBICT? Quem
são os *>* responsáveis para a situação atual descrita desse instituto? *>*
*>* E pensando na época que estava mais próximo da comunidade de
físicos *>*(1999-2005), na época eu nunca tinha ouvida falar sobre o
instituto na
*>* USP. *>* *>* São as pessoas que vão pensar antes de assinar que têm que
ir atrás *>* dessas informações ou quem está mais próximo percebendo
possíveis *>* problemas que deve ajudar a informar o público geral,
inclusive a *>* comunidade científica? *>* *>* Tom *>* *

Em 19 de julho de 2013 13:06, Luiz Augusto <lugusto em gmail.com> escreveu:

> Adicionando C/C Luiz Milanesi, da ECA-USP e da recem-fundada ABRAINFO,
> para eventuais colaborações na questão.
>
> Uma opinião/explicação pessoal minha, de estagiário, sobre o que é o IBICT
> e que não está incluída aqui, pode ser lida em
>
> http://lists.okfn.org/pipermail/okfn-br/2013-July/001798.html
>
> Pode ser importante corrigirem-na =)
>
>
> 2013/7/19 Carolina Rossini <carolina.rossini em gmail.com>
>
>> Copio o Helio que deve saber.
>>
>>
>> 2013/7/19 Everton Zanella Alvarenga <everton.alvarenga em okfn.org>
>>
>>> Oi, Caro e professora Sueli.
>>>
>>> Alguém tem algum texto mais explicativo que o parágrafo abaixo e as
>>> explicação desse abaixo assinado?
>>>
>>> No abaixo assinado diz:
>>>
>>> "Por que isto é importante
>>>
>>> Ao longo dos últimos 10 anos o IBICT vem perdedo a sua
>>> representatividade junto à comunidade científica brasileira e
>>> internacional, por conta da sua expressiva falta de atuação nas
>>> iniciativas mais importantes objetos de sua missão institucional. Essa
>>> fraca participação institucional provocou o seu enfraquecimento como
>>> instituição importante na condução de projetos da área. Como
>>> resultado, o que representa hoje o IBICT no seio da comunidade
>>> científica brasileira? O que faz hoje o IBICT em prol da informação
>>> científica e tecnológica? Quem conduz hoje as principais iniciativas
>>> em prol dos pesquisadores brasileiros? Por que o CCN parou no tempo?
>>> Existe alguma liderança, no Brasil, preocupada com a informação
>>> científica? Enfim, há diversas questões no ar sem respostas."
>>>
>>> Vejo aí mais perguntas do que levantamento de problemas. Ponha-se no
>>> lugar de alguém da sociedade civil sem nenhum contato com a comunidade
>>> científica, como explicariam a importância do IBICT? Quem são os
>>> responsáveis para a situação atual descrita desse instituto?
>>>
>>> E pensando na época que estava mais próximo da comunidade de físicos
>>> (1999-2005), na época eu nunca tinha ouvida falar sobre o instituto na
>>> USP.
>>>
>>> São as pessoas que vão pensar antes de assinar que têm que ir atrás
>>> dessas informações ou quem está mais próximo percebendo possíveis
>>> problemas que deve ajudar a informar o público geral, inclusive a
>>> comunidade científica?
>>>
>>> Tom
>>>
>>>
>>> Em 19 de julho de 2013 11:09, Carolina Rossini
>>> <carolina.rossini em gmail.com> escreveu:
>>> >
>>> > Helio Kuramoto 8:52am Jul 19
>>> > O IBICT passa por uma situação desconfortável, visto que, ainda o
>>> Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação ainda não deu início ao processo
>>> de sucessão da diretoria daquele Instituto. Mais, do que a falta de uma
>>> nova direção, o IBICT deixou de ter uma atuação coerente com a sua missão
>>> principal que é a do registro e disseminação da produção científica
>>> brasileira e, além disso, pouco foi feito para a modernização e atualização
>>> dos seus produtos tradicionais como o CCN, o COMUT, etc. Assim, com o
>>> propósito de fortalecer aquela instituição empreendemos uma petição pública
>>> - não quer se juntar a nós?
>>> >
>>> > Salve o IBICT --
>>> http://www.facebook.com/l/LAQGpaL9FAQGpfFcAm7vSLUOOwfBE10RdSI54KpGJtNfJRw/www.avaaz.org/po/petition/Salve_o_IBICT/?fbdm
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