[okfn-br] [thackday] Para onde vai seu dinheiro e ranking dos políticos

Diego Rabatone diraol em diraol.eng.br
Sábado Março 2 12:40:01 UTC 2013


Começo destacando o seguinte trecho do site deles:

"*Classificamos os legisladores do pior para o menos pior. Sabemos que
existe uma enorme quantidade de corruptos e incompetentes na política
brasileira. No entanto, se votarmos em massa nos menos piores,
incentivaremos uma melhoria no panorama político do Brasil*" (grifos meus)

Eu acho que eles começam com o pé errado, partindo de alguns princípios que
eu considero extremamente nocivos e não construtivos.
Por exemplo, a construção ideológica de que "Político" é uma "espécie"
completamente diferente das outras pessoas do mundo (deles inclusive).
Errado, Toda pessoa pode ser um(a) Político(a) (no sentido institucional da
palavra), eles inclusive, e toda pessoa é um(a) Político(a) (no sentido
mais amplo da palavra), eles inclusive, que estão *fazendo* política de
fato, da maneira deles.
Fazer política por si só não é algo que torna alguém bom ou ruim por
definição.

Outro ponto no qual eu acho que eles começam errando em princípio é que
todo político é, e sempre será, ruim por definição.

E claro, tem também a posição, muito cômoda diga-se de passagem, de resumir
a participação política ao momento do voto, sem precisar fazer nada durante
todo o resto do tempo. Eles inclusive dizem que não é possível e/ou vale à
pena fazer qualquer tipo de mobilização e pressão por mudanças e melhorias.

*Quanto ao vídeo*
Primeiro que eu acho que o vídeo é extremamente mal intencionado e com um
monte de informações incorretas, imprecisas e erradas.

É de conhecimento geral que a carga tributário no Brasil é da ordem de 35%,
mas no vídeo eles dão a entender que é de 77%.
Eles também dizem que a população não "vê" nenhum "retorno" dos "77%" do
dinheiro que "vai para O Governo" (entidade alienígena desconexa da
sociedade). Outra mentira, e das grandes.
As cidades possuem policiais, asfalto, semáforos, pontes, viadutos, parques
públicos, hospitais públicos, etc. E tudo isso (e muito mais) é bancado com
o dinheiro dos impostos. Não estou julgando a qualidade dos serviços ou se
eles correspondem ao quanto é pago de imposto, mas eles existem.
Aliás, a própria gasolina que ele tanto faz questão de destacar, e que
demonstra a visão de mundo deles - focada em carros e bens; é subsidiada no
Brasil pelo Estado.....

Não podemos nos esquecer das Universidades Públicas, bancadas com dinheiro
público, e que talvez até eles tenham cursado uma delas......

Eles dizem no vídeo que o ranking "separa os honestos dos bandidos", mas no
julgamento do ranking eles definem critérios que são absolutamente pessoais
e subjetivos e que nada tem a ver com "honestidade".

Também é dito que a iniciativa não pertence a "nenhum grupo de interesse".
Só pode ser piada né? Os caras até fundaram uma "Associação" (Associação
Voto Real) para o projeto...

*Quanto ao Ranking*
Sobre o ranking em si, ele não é nem um pouco claro, muito menos objetivo.
Por exemplo, se a pessoa teve mais de uma filiação partidária eles
"descontam pontos, se teve só uma ganha pontos. Então o Sarney e o Renan
devem ter ganho pontos, enquanto a Marina deve ter perdido - só para
exemplificar.
Eles consideram que político com "diploma universitário" merece ganhar
ponto extra.
Eles também julgam a "qualidade legislativa" (pelas matérias) e "relevância
das matérias", mas de acordo com os critérios e visão de mundo deles, sem
que isso fique completamente claro.

*Finalizando,* eles defendem uma visão de mundo muito clara, mas não fazem
questão de destacar isso "na primeira página". E, pior do que isso, partem
do princípio de que a visão de mundo deles é a visão geral da sociedade.
Eles dizem se abster de temas polêmicos (como "aborto e casamento gay"
(sic)) por "falta de consenso", e que só avaliam temas que são "consenso"
entre os "cidadãos honestos".

Destaco também que eles defendem a "não mobilização" das pessoas por
pressão, mas certamente eles representam uma classe e são representados por
entidades que fazem grandes Lobbies de bastidores com os políticos.

Enfim, eu não usaria esse site como referência. Não sei de onde eles tiram
os dados e/ou que dados eles de fato utilizam, eles defendem transparência
mas não a praticam de forma alguma.

ps.: Acho sintomático o vídeo deles não poder ser avaliado no youtube.....


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Diego Rabatone Oliveira
diraol(arroba)diraol(ponto)eng(ponto)br
Identica: (@diraol) http://identi.ca/diraol
Twitter: @diraol

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Identica: (@diraol) http://identi.ca/diraol
Twitter: @diraol


Em 2 de março de 2013 09:32, Pedro Markun <pedro em esfera.mobi> escreveu:

> 'pequeno'? :)
>
> estou de saida, mas tomo a liberdade de copiar aqui o que o Sérgio Storch
> escreveu no Facebook de uma amiga e acho que são boas reflexões:
>
> "Gabi, legal poder comentar pela primeira vez na sua linha do tempo. Acho
> o vídeo bem feito, e acho o ranking de políticos uma grande ideia. Mas se
> for só isso, deseduca, pois aponta somente para os políticos. Vejo 5
> falácias, que nos cabe o trabalho paciente de equilibrar:
>
> 1. "o dinheiro vai para o governo". Não conta que uma boa parte retorna
> para os aposentados. Não conta que outra boa parte retorna para o lucro de
> empresas que ganham contratos do governo. Seria legal um ranking das
> empresas que ganham esses contratos, e saber as conexões entre elas e cada
> um dos políticos, para separar o joio do trigo.
>
> 2. Não conta que esse mecanismo, e mais alguns, como os financiamentos do
> BNDES, transferem renda para os mais ricos em 3 ou 4 vezes mais do que a
> transferência para os mais pobres via bolsa família etc. Como? Empobrecendo
> a classe média, especialmente os setores mais frágeis (ainda): professores
> etc.
>
> 3. é meio imbecilizante, embora nem tanto quanto palhaçadas como o
> impostômetro, que fazem sensacionalismo em cima de bobagem. Trata a
> participação política de forma reducionista, como se o voto fosse a única,
> ou mais importante, forma de participação política. A educação política
> para a participação não é nem sequer tangenciada no vídeo.
>
> 4. não fala nadica sobre para onde vai o gasto público, e cria a percepção
> míope de que quaisquer gastos públicos têm que ser reduzidos. Nada de
> aumentos para professores, médicos, policiais etc.
>
> 5. Não fala do serviço público como a forma mais importante de
> distribuição de renda, sem questionar por que temos que pagar escola
> particular, convênios de saúde, e entupir as ruas com carros porque o
> transporte público é ruim. O vídeo provoca uma indignação desproporcional
> em relação aos políticos, e posterga para um ranking frio e técnico o
> conhecimento sobre eventuais bons políticos.
>
> Ou seja, despolitiza. Bem feitinho, mas arghhhh!
> Oxalá o ranking dê certo, mas não tem méritos para ser um instrumento de
> educação para a cidadania. É uma coisa a mais, e é legal por isso. De
> resto, há muito mais por ser feito.
>
> Enfim, é clichê, é neoliberal, e precisa ser tomado com antídotos contra
> efeitos colaterais. Talvez ser usado e dissecado na hora com a análise do
> discurso, para revelar as outras partes da verdade. E também levar a pensar
> quem ganha com essa visão parcial da verdade."
>
> ---
>
> (E a resposta de um outro amigo, Rafael Fox, que acredita no liberalismo
> economico)
>
> Concordo com o Sergio que despolitiza. Ir pra rua é essencial.
>
> 1) Concordo que deixa alguns pontos importantes. O dinheiro para
> aposentadorias é um exemplo. Mas não acho que os pontos que ficaram de
> foram derrubam ou contrariam o argumento central.
> Sobre empresas que ganham os contratos e lucram com isso. Bem, isso se
> encaixa em corrupção, no meu dicionário. De qualquer forma, o ponto, se
> tivesse sido falado, iria concordar com o ponto central do vídeo.
>
> 2) Concordo. E de novo, se contasse, ia concordar com o ponto central do
> vídeo.
>
> 3) Qual parte é imbecilizante? Que parte do impostômetro é bobagem? Eu
> pagar mais da metade do meu salário para um governo incompetente é bobagem?
>
> 4) Você tem razão, cria essa impressão. É um dos temas do vídeo:
> diminuição dos gastos públicos.
> Em que áreas? Posso discordar dos autores, mas se seguirem a carteira do
> libertarianismo, educação pública e saúde pública deveriam ser cortadas. (e
> trocadas por um sistema de vouchers)
>
> 5) Ponto absurdo: "Não fala do serviço público como a forma mais
> importante de distribuição de renda,". Essa frase é tão absurda, que eu
> acho que entendi errado. Eu discordo que distribua qualquer renda, quanto
> mais ser a forma mais importante!
> E a frase termina com uma vírgula, insinuando que a frase em seguida, que
> é a mais pura verdade, tem de emprestar a sua credibilidade à frase
> anterior!
> Simm, claro que é um absurdo pagarmos particular E pública, Convênios de
> saúde E saúde pública. Carros E subsídios.
> O ponto final, sobre indignação, confesso que não entendi.
>
> Final:
>
> A) Ser clichê: Clichê não é restrito às artes? Uma boa idéia, como...
> acabar com a pena de morte, por exemplo, não pode ser dita muitas vezes
> pois pode-se cair em "clichê"?
>
>  É neoliberal: Não, é liberalista. O neoliberalismo adora um gasto
> governamental com as "empresas certas".
>
>
> 2013/3/2 Everton Zanella Alvarenga <everton.alvarenga em okfn.org>
>
>> Videozinho instrutivo, apesar do pequeno erro conceitual de que votar
>> é suficiente:
>>
>> http://youtu.be/8lXla2IHqYE
>>
>> Ainda não consegui analisar se o ranking dos políticos de quem fez o
>> vídeo tem um bom algoritmo
>>
>> http://www.politicos.org.br/
>>
>> Opiniões?
>>
>> Tom
>>
>> --
>> Everton Zanella Alvarenga (also Tom)
>> OKFN Brasil - Rede pelo Conhecimento Livre
>> http://br.okfn.org
>>
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