[okfn-br] Dá-lhe mais uma hackatona!
Yasodara Cordova
yasodara.cordova em gmail.com
Segunda Abril 7 16:44:49 UTC 2014
Não disse pra recusar dinheiro de governo. Disse que temos que pensar num
modelo independente da grana do governo. Essa pode ser até um bom começo,
mas ficar mamando é coisa que eu, definitivamente, acho pior do que ser
capitalista.
yaso
∞ yaso.com.br <http://yaso.com.br>
∞ <http://yaso.eu>yaso.eu
∞ w3c.br <http://w3c.br>
∞ ingraxa.eu
** just reset and dive again**
2014-04-07 13:39 GMT-03:00 Gisele S. Craveiro <gisele.craveiro em gmail.com>:
> Oi Yaso,
>
> Até onde eu sei, nenhuma organização ou coletivo que trabalha com dados
> abertos no Brasil tem recusado dinheiro do governo (vindo direta ou
> indiretamente).
> Por que a OKF BR deveria ser a primeira ? ou única?
>
> Abs
> Gisele
> Em 07/04/2014 11:35, "Yasodara Cordova" <yasodara.cordova em gmail.com>
> escreveu:
>
>> Nesse ponto
>>
>> "Acho que vale sempre a gente tentar novas soluções pra essa questão, mas
>> a real é que eu mesmo continuo achando que *Sim, isso é bom.* E que o
>> principal resultado de um hackday/thon/tona/tão é transformação da cultura
>> e criação de conhecimento empírico sobre os processos políticos e os dados,
>> e que essa dimensão do 'aplicativo cidadão útil para a sociedade' é um
>> resultado possível e desejável mas não necessariamente o termometro de um
>> evento bem sucedido."
>>
>> Vou concordar com o Markun
>>
>> Gosto de lembrar que hackatons, em uma época distante, eram quando
>> pessoas levavam seus gabinetes pra casa uns dos outros pra "hackear". Nao
>> acho que o governo precise de hackatons para abrir dados ou para gerar
>> plataformas de abertura de dados. Os hackatons têm funcionado como uma bela
>> ferramenta de convencimento, mostrando para gestores que desenvolvimento de
>> software com dados pode ser muito mais ágil e barato do que o que eles
>> estão acostumados.
>>
>> Existe um trabalho que precisa ser feito: a modernização dos meios de
>> contratação do governo brasileiro. Tirando raras exceções, nosso modelo
>> licitatório é feito para a contratação de elefantes brancos caríssimos.
>> Isso alimenta um ecossistema antigo (esse sim existe!) que retroalimenta a
>> "indústria" de desenvolvimento de softwares para gestão governamental no
>> Brasil. É podre. Note-se que a maioria dos departamentos de TI ainda é
>> subordinada aos departamentos de financeiro, ou os diretores do financeiro
>> e da TI são mui amigos...
>>
>> Ouvi de um gestor público uma vez em um encontro sobre dados abertos:
>>
>> "tenho uma boa verba separada para a abertura de dados. Os hackatons me
>> mostraram que é possível, agora vou parar de brincar e conversar com meus
>> fornecedores"
>>
>>
>> Existe uma galera do TCU conversando sobre desenvolvimento ágil vs
>> modelos de contratação, etc etc.
>>
>> Achei ótimo que alguém ai em cima na thread citou Muhammad Yunus,
>> micropagamentos e essa coisa toda porque é praticamente impossível hoje o
>> governo realizar micropagamentos. Todo mundo aqui sabe que na esplanada o
>> que mais rola é gente trabalhando como "consultor técnico", pagando uma
>> baba pra UNESCO interemediar pagamento, pra poder meter a mão em código e
>> resolver pepino que grandes empresas deixaram. O problema é bem mais
>> embaixo.
>>
>> ps.: não acho que a OKFN deva se sustentar com editais e verba de
>> governo.
>> Isso me parece meio fora do eixo....
>>
>>
>> Yaso
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>> ∞ yaso.com.br <http://yaso.com.br>
>> ∞ <http://yaso.eu>yaso.eu
>> ∞ w3c.br <http://w3c.br>
>> ∞ ingraxa.eu
>>
>> ** just reset and dive again**
>>
>>
>> 2014-04-06 15:13 GMT-03:00 José Police Neto <policeneto em gmail.com>:
>>
>>> Muuuuito bacana!
>>> Em 06/04/2014 15:04, "Álvaro Justen [Turicas]" <alvarojusten em gmail.com>
>>> escreveu:
>>>
>>> 2014-04-06 12:56 GMT-03:00 Everton Zanella Alvarenga <tom em okfn.org.br>:
>>>> > Oi Álvaro e todos,
>>>>
>>>> Tom, obrigado pela resposta detalhada! Minhas respostas seguem
>>>> entre-linhas.
>>>>
>>>> > sobre a OKBr, somos uma organização em construção, portanto
>>>> levantamentos
>>>> > como os seus são importantes. Até mesmo antes de fundarmos a
>>>> associação, eu
>>>> > já pensei em formas de financiamento como o que propõe, mas espero
>>>> que com a
>>>> > associação formalizada, facilitará conseguirmos algo nesse sentido,
>>>> > principalmente se conseguirmos virar formalmente uma organização da
>>>> > sociedade civil de interesse público (OSCIP). Uma organizaçào da
>>>> sociedade
>>>> > civil já somos, agora precisamos mostrar que há um interesse público
>>>> - pelos
>>>> > nossos objetivos <http://br.okfn.org/estatuto>, há, mas precisamos
>>>> mostrar
>>>> > mais isso na prática. O formato da associação foi pensado junto ao
>>>> instituto
>>>> > Pro Bono com esse objetivo, o se tornar-se uma OSCIP.
>>>>
>>>> Legal! Não sabia que era esse o objetivo. Acredito que sendo OSCIP
>>>> seja bem mais fácil conseguir patrocínios de empresas de lucro real.
>>>>
>>>>
>>>> > Sobre financiamento dos aplicativos com dinheiro público, acho
>>>> bastante
>>>> > pertinente a proposta. Quando organizamos a hackatona na Câmara
>>>> Municipal de
>>>> > São Paulo (CMSP), uma das coisas que eu sugeri ao então presidente da
>>>> câmara
>>>> > José Police Neto, que apoiou o evento, junto com o Eduardo Miyashiro,
>>>> então
>>>> > coordenador de TI da CMSP, foi o de providenciarmos hosting para os
>>>> > aplicativos durante e após a competição.
>>>> >
>>>> > Eu e o Eduardo procuramos alguns financiadores, mas a única coisa que
>>>> > conseguimos foi o prêmio de R$ 10000 do banco Itaú e alguns brindes -
>>>> na
>>>> > realidade, quem conseguiu foi o Police. Eu preferia prêmios não
>>>> monetários,
>>>> > como hospedagem e suporte para manter os aplicativos, assim como uma
>>>> viagem
>>>> > para participarem da Open Knowledge Festival naquele ano. Mas para uma
>>>> > primeira parceria com um órgão público de uma iniciativa da sociedade
>>>> civil
>>>> > organizada, acho que estava de bom tamanho o prêmio. Tanto que ano
>>>> passado
>>>> > um dos vencedores, o Felipe Bergamo, participou ano passado da OKCon,
>>>> em
>>>> > Genebra, também financiado pelo banco Itaú (@Gui, acho que merece
>>>> pensarmos
>>>> > num post sobre isso ou adicionar essa info no que estamos pensando ; )
>>>>
>>>> Muito bom. :-) Será que o Itaú teria algum tipo de interesse em
>>>> colaborar frequentamente? Mensalmente, trimestralmente...
>>>> Uma outra possibilidade, é com associações. Já fiz parte da diretoria
>>>> da Associação Python Brasil[http://associacao.python.org.br/] e nela
>>>> as fontes de lucro são 3, basicamente:
>>>>
>>>> - Valor da associação pago anualmente pelos associados - no nosso
>>>> caso, temos apenas para pessoas físicas, mas acho que seria legal ter
>>>> para pessoa jurídica também;
>>>> - Lucro (se houvesse) da conferência nacional anual da linguagem, a
>>>> PythonBrasil[http://www.pythonbrasil.org.br/];
>>>> - Doações de empresas ou indivíduos.
>>>>
>>>> > Após voltar da conferência em Genebra, o Police Neto me chamou para
>>>> uma
>>>> > conversa para pensarmos em formas de termos um Portal de Dados Abertos
>>>> > mantido pela sociedade civil. Ele mencionou uma lei criada por ele em
>>>> 2008
>>>> > que criava um fundo a partir do ISS das empresas de TI. Tenho que
>>>> voltar a
>>>> > ver isso. Chamei o pessoal da CGM SP para uma conversa, mostrou-se
>>>> > interesse, mas no final ninguém deu continuidade (paras essas coisas
>>>> darem
>>>> > certo, é sempre preciso alguém que fique em cima ;). Vou tentar
>>>> retormar em
>>>> > breve e posso criar um e-mail com detalhes sobre esse fundo para
>>>> > compartilhar aqui.
>>>>
>>>> Opa, nessa entra um projeto pessoal que estou desenvolvendo:
>>>> http://brasil.io/ :-)
>>>> Ainda está bem no começo, mas vários já se interessaram. Farei uma
>>>> apresentação sobre ele no FISL desse ano, onde teremos a primeira
>>>> versão lançada.
>>>> Talvez possamos unir esforços nesse sentido...
>>>>
>>>> > Sobre participarmos de editais, acho ótimo. Talvez podemos colocar
>>>> todos que
>>>> > podem ser de nosso interesse num pad e quando alguém descobrir um
>>>> atualiza e
>>>> > manda aqui para a lista? Como pretendemos funcionar como uma
>>>> organização
>>>> > plataforma, precisamos escrever isso melhor em nossa página para que
>>>> outras
>>>> > pessoas possam propor projetos que queria fazer via OKFBr.
>>>>
>>>> Infelizmente, para a maioria dos editais, é necessário ter professores
>>>> doutores ligados a instituições de pesquisa assinando as propostas aos
>>>> editais. Mas talvez dê para conseguir também editais que não tenham
>>>> essa necessidade (ou encontrar possíveis professores-parceiros em
>>>> universidades).
>>>>
>>>>
>>>> > E espero podermos criar uma campanha no médio prazo no estilo da da
>>>> > Wikimedia Foundation. Estou lendo o livro "Mais dinheiro para sua
>>>> causa", do
>>>> > Daniela Kelley, e há algumas dicas sobre isso. Mas temos passos
>>>> anteriores a
>>>> > serem dados.
>>>>
>>>> Antes de uma campanha maior, uma coisa que é fácil de implementar é
>>>> ter um botão para doações voluntárias (que pode ser implementado
>>>> usando PayPal, PagSeguro ou mesmo o GitTip[http://gittip.com/]).
>>>> Poderia ter isso no site (no cantinho) e também explicitar em todas as
>>>> ações (hacktons, posts no blog etc.) que a organização é aberta a
>>>> doações.
>>>>
>>>> > Já a brincadeira sobre o capitalismo, nesse meu engatinhamento pelo
>>>> terceiro
>>>> > setor brasuca, acho que o problema é mais embaixo. O que vejo de
>>>> desencontro
>>>> > de informação até mesmo entre alguns peritos não é brincadeira. E se
>>>> comparo
>>>> > o nível de algumas discussões sobre organizações da sociedade civil
>>>> > americanas, européias e as nossas, parece que ainda temos um longo
>>>> caminho
>>>> > pela frente. Pois veja, em 2009 eu já chamava a atenção, num debate
>>>> com o
>>>> > Milton Jung, Vagner Diniz e Soninha, para algumas coisas ocorrendo
>>>> nos EUA e
>>>> > Europa (hackathons, Sunlight Foundation (EUA), My Society (Inglaterra)
>>>> > etc.). Quanto tempo demorou para termos alguma coisa mais organizada
>>>> nesse
>>>> > sentido?
>>>> >
>>>> > Por fim, lembro de ter visto uma aula do Alexandre Abdo onde ele
>>>> dizia algo
>>>> > como o objetivo de algumas ONGs seria deixarem de existir, quando
>>>> algumas
>>>> > estão fazendo o papel do Estado (@Abdo, se ler isso aqui e puder
>>>> explicar
>>>> > com mais detalhes e referências, seria legal). E isso é pouco
>>>> compreendido
>>>> > pelo perfil das pessoas chamadas de forma um tanto pejorativa de
>>>> "ongueiras"
>>>> > - ONG, estou sentido agora, tem uma conotação muito ruim no Brasil,
>>>> talvez
>>>> > pela falta de transparência e corrupção disseminada nos mais diversos
>>>> > setores, daí a descrença.
>>>>
>>>> Uma outra abordagem - diferente das ONGs que vivem somente de
>>>> patrocínio - é utilizar o conceito de negócio social definido, por
>>>> Muhammad Yunus[https://pt.wikipedia.org/wiki/Neg%C3%B3cio_Social],
>>>> onde a OKFN-BR poderia ter produtos/serviços que são vendidos a
>>>> instituições (exemplo: relatórios personalizados, feitos usando dados
>>>> abertos) e o lucro desses produtos seria usado para manter toda (ou
>>>> parte da) estrutura da organização.
>>>>
>>>> > Abraços,
>>>>
>>>> []s
>>>> Álvaro Justen "Turicas"
>>>> http://turicas.info/ http://twitter.com/turicas
>>>> http://CursoDeArduino.com.br/ http://github.com/turicas
>>>> +55 21 9 9898-0141
>>>>
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