[okfn-br] Fazer-cracia
Oda
oda em member.fsf.org
Sábado Agosto 16 15:31:36 UTC 2014
Tom, a anedota eh tl;dr
Facocracia tem suas limitacoes, mas funciona muito bem para questoes
do dia-a-dia e como o pontape inicial das coisas. Nao facamos disso
uma discussao sociologica, apenas um estimulo para a participacao da
comunidade e um aviso de que as pessoas nao devem esperar ser
convidadas a se envolver.
Quanto a estrutura burocratica, ela so eh necessaria em casos de
crise. E realmente espero que a gente nunca precise apelar para essa
estrutura para resolver alguma coisa. Devemos dar os passos como
comunidade e se isso afetar alguma "negociacao", que se dane a
negociacao.
O problema (o maior deles na minha opiniao) eh que estamos tornando a
estrutura burocratica o caminho padrao das decisoes, onde apenas 4 ou
5 pessoas sabem o que esta acontecendo, quando nao apenas 1 ou 2.
Isso eh assustador, desestimulante, desrespeitoso com a comunidade e
torna a façocracia sem sentido. Por isso tomei o 1o. email do Tom como
uma sinalizacao de uma nova postura.
Abs,
Oda
PS: desculpe o fazer-cracia, mas la pelas minhas bandas a gente
traduziu de outro jeito e eu gostei mais ;)
--
Oda
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If you don't have time to do it right, where
are you going to find the time to do it over?
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2014-08-16 12:07 GMT-03:00 Everton Zanella Alvarenga <tom em okfn.org.br>:
>
>
> Em 16 de agosto de 2014 10:53, Edgar Zanella Alvarenga <e em vaz.io> escreveu:
>
>> Isso é o tipo de idéia que pode ser muito bonita na teoria, mas na verdade
>> se for analisar mais a fundo vai encontrar diversos problemas. Um exemplo de
>> problema, você pode canalizar o poder de decisão em certos temas de uma
>> organização apenas para um grupo pequeno de pessoas que possuam maior
>> conhecimento de uma área específica, ou pior, por razões históricas e não de
>> competência necessariamente. Outro problema está no trecho que escreveu
>> "indivíduos escolhem regras e tarefas para eles mesmos e as executam", e se
>> as regras e tarefas escolhidas pelo indíviduo não estão em sincronia com as
>> idéias da maior parte do grupo? Por exemplo, lembro-me do Abdo enviando um
>> email da lista fechada para a lista aberta, talvez por ele ver o papel dele
>> em dar o exemplo de como uma organização mais horizontal e com maior
>> participação da comunidade deve ser.
>
>
> Claro que essa prática tem riscos. Você apontou apenas um. Podemos pensar em
> outros, aqui uma lista (ver seção 'Danger'):
>
> http://www.communitywiki.org/cw/DoOcracy
>
>>
>>
>> E eu não entendo se você gosta tanto da fazer-cracia, por que continua a
>> existir uma lista fechada para discussão de quais projetos serão realizados
>> pela OKBR? Isso não vai contar o que você mesmo disse "Responsabilidades
>> ficam atribuídas para pessoas que fazem o trabalho, em vez de representantes
>> eleitos ou selecionados"? A responsabilidade de decisão dos projetos não
>> está atribuída ao pequeno grupo do conselho que foi previamente selecionado
>> por você? Ou teve uma eleição?
>
>
> Foi selecionado por mim. Estávamos criando uma estrutura legal mínima, que
> resultou no estatuto:
>
> http://br.okfn.org/estatuto
>
> Na minha opinião é preciso de alguma estrutura e definir processos, pois
> pode acabar em casos em que surgem tiranias em grupos sem estrutura:
> http://flag.blackened.net/revolt/hist_texts/structurelessness.html
>
> No caso atual, o objetivo era criar uma organização sem fins lucrativos que
> apoiasse o grupo local sendo formado desde 2011
> <http://wiki.okfn.org/Chapter/Brazil/people>, quando a Open Knowledge me
> convidou para ser 'community coordinator' (coordenador de comunidade). Foi
> esse meu desejo com o apoio de algumas pessoas mais ativas nesse grupo
> local, com algum apoio da Open Knowledge Central para criar uma organização
> sustentável (o apoio seria de 6 a 12 meses, que acabou sendo na prática 5
> meses, 4 eu trabalhando pro-bono).
>
> Vou usar como exemplo a criação de um estatuto para mostrar como a
> fazer-cracia pode funcionar. Após um grupo de pessoas apoiar e ver a
> necessidade da criação de uma estrutura legal para as atividades que eles
> vêm fazendo há anos, a Letícia envia e-mails para a lista do grupo local,
> cria um pad, lista exemplos de estatutos, começa a redigir o texto de um
> estatuto levando em consideração e comentários esparsos, mas ainda sem algum
> corpo de estatuto. O estatuto vai sendo formado, a Letícia continua pedindo
> contribuições (e-mail, telefonemas, conversas informais etc.) e o corpo do
> texto vai sendo formado. Ela percebe que ainda falta muita coisa para ter um
> texto esteja bom para a organização, então busca ajuda de uma organização
> que dá esse apoio pro-bono e mais uma pessoa com experiência no assunto, que
> recebeu uma contribuição financeira simbólica (da Letícia) para sua redação,
> já que a Letícia não estava dando conta.
>
> Coisas que a Letícia queria para a estrutura da organização era que tivesse
> um 'board' (ou diretores da organização [1], no caso da OKBr o conselho
> deliberativo, pessoas mais próximas e que apoiam a construção da
> organização, todas com dedicação voluntária, esses não recebem nada
> financeiro) e um conselho consultivo (pessoas do grupo local que vinham
> apoiando nos últimos anos através de ações concretas, opiniões e conselhos),
> assim como um conselho fiscal e, claro, alguém responsável pela execução das
> coisas, exigência para essa estrutura mínima.
>
> [1] Mais sobre algumas atribuições para os diretores, conselhos, executivo
> etc. de uma organização de uma sociedade civil, sugiro o livro "Mais
> dinheiro para sua causa", do Daniel Kelley
> <http://www.amazon.com/Mais-Dinheiro-para-sua-Causa/dp/0988594242>. Livro
> indicado por consultoras que dedicaram boas horas pro-bono para apoiar a
> OBr.
>
> E por que a Letícia fez essa estrutura e escolheu essas pessoas? Porque ela
> era a pessoa responsável (apoiada por várias outras) para a criação dessa
> organização e fez escolhas de pessoas de sua confiança.
>
> E como as coisas começaram a funcionar, após algumas dezenas de pessoas
> terem acordado um estatuto que regiria essa organização que daria suporte à
> rede? Conforme o que está no estatuto.
>
> A Letícia percebia da importância de criar um regimento interno para definir
> coisas como esse processo de decisão. Com o apoio de uma consultoria
> pro-bono e alguns voluntários, ela organizou um encontro para fazer um
> planejamento estratégico da organização/rede. Mandou e-mails, criou texto de
> blog, convidou por telefone, explicou a importância do encontro, argumento
> que metade de um dia não era suficiente (e não foi), entre outras coisas.
> Depois Letícia tinha que continuar a organizar o documento do planejamento,
> reportar para o grupo, criar um regimento (chamem o que quiser, sei que
> pessoas rebeldes devem detestar o termo) entre milhares de outras coisas.
>
> Ela convidou as pessoas do seu grupo para ajudar com isso, mas o máximo que
> obteve foi, novamente, críticas pontuais e esparsas sobre diversas coisas
> que foram surgindo na medida em que as coisas começaram a ocorrer (captação
> de recursos, execução de projetos, lidar com conflitos, assinaturas de
> cartas, contratações, pagamento de contas, viagens, negociações etc. etc.
> etc.).
>
> E agora, como será que essa história vai acabar? Como as coisas irão para
> frente? A Letícia poderia sentar a cadeira na bunda e começar a escrever
> esse processo. É claro que isso causariam várias críticas, ela ouviria de
> várias pessoas que está tudo errado. E os motivos estão bem resumidos na
> história da fazer-cracia que traduzi.
>
>>
>> Mas não veja meus questionamentos como uma provocação, realmente estou
>> tentando entender o que realmente quer dizer com seu conceito de
>> fazer-cracia e até que ponto acredita que isso possa ser seguido na
>> estrutura da OKBR. Na prática, o que isso implicaria na OKBR?
>
>
>
> A Letícia sabe que o modelo não é sustentável, que ela precisa de apoio,
> tanto na execução quanto na concepção, como ocorreu em outros momentos. E é
> para isso que ela está começando a pensar (e agir) em formas de melhorar a
> estrutura criada, os processos criados ou em formação
>
>>
>>
>> Ah sim, você tem algum outro exemplo de fazer-cracia seguido para a
>> estruturação de alguma organização fora o evento Burning Man?
>>
>
> Não sei direito sobre o Burning Man, exceto o que o Abdo explicou sobre o
> evento e as fotos que vi. Não sei muito sobre ele, apenas que não me agrada
> a ideia, apesar de toda excentricidade dele.
>
> Podemos pensar na Open Knowledge Conference que vi em 2011. Foi lá que vi
> coisas acontecerem mesmo com claras limitações de recursos humanos e
> financeiros - cartazes feitos a mão, pessoas trabalhando juntas, workshops
> sobre diversos assuntos interessantes, uma rede global em torno de um
> assunto que gosto se reunindo. Minha sensação era a de ter encontrado uma
> grande afinidade com um grupo que queria ver coisas acontecerem com um
> propósito comum que estou envolvido faz tempo.
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