[okfn-br] A OKBR irá se juntar ao Plebiscito Constituinte?

Everton Zanella Alvarenga tom em okfn.org.br
Segunda Agosto 25 02:30:43 UTC 2014


Concordo com os questionamentos levantados pelo Marco em relação ao que
está sendo proposto e que temos que fortalecer nossa democracia a
partir de *meios
já existentes*. Um primeiro passo é através do voto bem escolhido, mas,
principalmente, no acompanhamento do trabalho de nossos representantes,
coisas que estamos, como sociedade, ainda aprendendo a fazer, assim como
reinvidicações públicas mais concretas - vide a falta de objetividade do
ano passado não ter ganhado corpo, apesar dela ter alcançado resultados
muito bons, outros nem tanto.

A Open Knowledge Brasil, como organização, pode funcionar como uma
estrutura para apoiar projetos que visem o fortalecimento de nossa
democracia. Disso não tenho dúvidas. Um exemplo simples e que acredito que *já
deu certo*, apesar de estar ainda em execução: o Dialogando <
http://dialogando.org/>.

O projeto, que conta essencialmente com o trabalho de três pessoas
(Heloisa, Edgar e Ruan), mais o apoio de outras (eu, a Jamila e outras que
talvez eu posso estar esquecendo, peço desculpas), tem um pontencial
enorme, principalmente a médio prazo. A ferramenta sendo desenvolvida <
https://github.com/aivuk/trombone> pela Edgar, idealizada pela Heloisa e
construída pelo time envolvido, tem um potencial para ser usada em outros
momentos e com outros temas.

Mas por que é que você está falando de uma ferramenta, que ainda nem
estamos certo do seu impacto, sendo que aqui estamos falando de coisas mais
grandiosas e muito mais complexas, como uma reforma política, que acho que
todos aqui concordam que deve existir, mas certamente poucos concordam o
que e como ela deve ocorrer. Esse exemplo pontual é para justificar que: 1.
ainda estamos construindo nossa rede e também a organizacão que a apoia,
portanto acho que vale mais a penas focarmos em passos do tamanho de nossas
pernas, 2. há muita coisa do ponto de vista da organização que apoia a rede
no Brasil e da rede pelo conhecimento livre que precisam estar em bases
mais sólidas. Isso fica evidente para qualquer observador externo que
acompanha nossas discussões (e às vezes não discussões ;).

Então voltando ao que sugeri quando houve a trapalhada no caso de uma
assinatura e, até onde entendi, houve um acordo tácito: *a Open Knowledge
Brasil não vai assinar nada até acordarmos um processo*. Foi criado,
inclusive, uma página no wiki da Open Knowledge sobre a questão de
assinarmos ou não cartas:

http://wiki.okfn.org/Open_Knowledge_Brasil/OKBR_como_signat%C3%A1ria

Discordo da opinião do Abdo e de quem (meramente) votou na opinião dele,
mas vou ter que gastar certo tempo para dar minha opinião e propor um
fluxograma na linha do que o Raniere sugere por lá e outras já sugeriram
aqui na lista, inclusive eu.

Vamos dar um passo do tamanho de nossa perna. E há tarefas menores que
podemos fazer, a saber, gastar alguns minutos para ajudar a organizar a
casa. Citei só um exemplo. :)

Tom


Em 24 de agosto de 2014 21:42, Marco Túlio Pires <mtrpires em gmail.com>
escreveu:

> Thiago e Deivi,
>
> Que precisamos de uma reforma política não há dúvidas. Eu não quis dizer
> que o voto é a única coisa que podemos fazer, mas a primeira. Há
> instrumentos dentro da nossa democracia que permitem a reforma política que
> precisamos.
>
> Fico com a impressão de que há uma ilusão de que uma Constituinte
> resolveria os problemas que as pessoas que elegemos não estão conseguindo.
> Os pontos principais não foram endereçados: quem vai escolher os membros
> dessa Constituinte? Por qual sistema? Se vai haver uma eleição, por que
> eleger uma Constituinte se já temos eleições? Não vai ter eleição? Quem
> será representado? Vamos deixar os evangélicos de fora? Vamos deixar os
> empresários do agronegócio sem representação? E os empreiteiros? Isso seria
> democrático?
>
> O outro ponto é que a cartada da Constituinte é muito arriscada. Só se
> cria uma Constituinte quando há total falência do sistema de governo em
> vigor. A última que tivemos foi motivada pelo fim da Ditadura. Um grupo de
> pessoas foi escolhido ao melhor estilo ad-hoc para escrever o texto
> Constitucional. Esse grupo teve poder soberano sobre todas as instituições
> públicas. E é assim que tem que ser. Não há absolutamente nada que impeça
> que esse grupo de notáveis dessa Constituinte "exclusiva" não dêem o passo
> além e aproveitem a situação para alterar a constituição de diversas
> maneiras. É um absurdo, um tiro no pé.
>
> Se queremos reforma política vamos fazer pressão no congresso, nas
> assembléias, nas câmaras, vamos fazer campanhas para colocar os
> legisladores em uma situação tão constrangedora que não haverá outra opção
> senão discutir o assunto. Vamos votar melhor também.
>
> Usar os recursos que temos para apoiar esse mecanismo fantasioso da tal
> Constituinte "exclusiva" é uma perda de tempo, além de ser um desserviço
> para a democracia que estamos construindo. Se há uma lição que junho13
> deixou é que há potencial mobilizador na nossa população. Por que não
> mobilizar nossas redes por uma reforma política usando as estruturas
> democráticas que já temos? Na minha humilde opinião, a discussão começa por
> aí.
>
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