[okfn-br] Moção de repúdio ao ataque do Sr. Jeffrey Beall ao SciELO?

Peter Krauss ppkrauss em gmail.com
Segunda Agosto 3 12:27:16 UTC 2015


Esse tal de Beall já tem uma tradição de tecer "argumentos sem noção"...
Todavia, como o próprio SciELO já se adiantou em publicar uma defesa
oficial, convém complementar.

Sugestão: que tal descrever o caso na página Wikipedia
<https://en.wikipedia.org/wiki/Jeffrey_Beall#Legal_threats> do sr. Beall?
           (média de 40 pageviews
<http://stats.grok.se/en/latest90/Jeffrey_Beall> infelizmente comparável à do
SciELO <http://stats.grok.se/en/latest90/SciELO>)

- - - -
Acho oportuno chamar atenção de quais interesses o sr. Beall estaria
defendendo, e qual o contexto-Brasil em que isso ocorre: vem logo após a
denuncia de favorecimento da CAPES ao *lobby* dos *publishers*
 internacionais.

A intensão do sr. Beall parece ser polarizar, tirando foco de aspectos
relevantes, como melhora de qualidade, que os editores de revistas
científicas nacionais vinham legitimamente requerendo.


LINKS:

*2014-10-29* Anúncio oficial da CAPES, da reunião sem ata
<http://www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/7209-internacionalizacao-da-producao-cientifica-e-tema-de-reuniao-do-portal-de-periodicos>
(não
foram citados nem na imprensa os editores presentes, apesar do custo da
reunião em Brasília justificar registro). O financiamento do evento aos
seus 60 participantes, custou ao governo ~R$40mil, sendo o investimento
indiretamente embolsado pelas empresas Elsevier, Emerald, Springer,
Taylor&Francis e Wiley. (*)
    Todos os serviços prestados por *publishers* científicos internacionais
são prestados por empresas nacionais, não se justificando a exclusividade
dos internacionais numa licitação desse porte, que envolve da ordem (chute)
de *R$10 milhões/ano* em aportes do governo (principalmente CAPES).
   Não existe uma "Petrobrás científica" nacional, o apoio da CAPES teria
que ser "pulverizado" na cadeia produtiva, na regulamentação do mercado e
no apoio às iniciativas de cooperação entre empresas nacionais.

*2014-11-09* Manifesto oficial de repudio à iniciativa da CAPES
<http://blog.scielo.org/blog/2014/11/19/abec-brasil-e-scielo-vem-requerer-da-capes-a-reformulacao-do-edital-anunciado-para-o-financiamento-publico-de-publicacao-de-periodicos-do-brasil-por-editora-estrangeira/>
.

*2014-11-21*  MEC nega que Capes abrirá edital que anunciou em outubro
<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:g6mRyybtUy4J:mauriciotuffani.blogfolha.uol.com.br/2014/11/21/a-nota-do-mec-sobre-o-edital-da-capes/+&cd=4&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=us&client=ubuntu-browser>
 (outra fonte
<http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2014/11/1551311-mec-nega-que-capes-abrira-edital-que-anunciou-em-outubro.shtml>
)

*2015-07-30* Artigo vergonhoso do sr. Beall
<http://scholarlyoa.com/2015/07/30/is-scielo-a-publication-favela/>.

*2015-08-02*  Resposta do SciELO
<http://blog.scielo.org/blog/2015/08/02/mocao-de-repudio-ao-ataque-classista-do-sr-jeffrey-beall-ao-scielo/#.Vb4w1nnEPS0.twitter>



- - - -
(*) A maior parte desses editores (filão das revistas de maior impacto) é
de São Paulo e Rio de Janeiro, o custo de passagem e diária de cada um é no
mínimo R$600, de modo que o financiamento do evento aos seus 60
participantes, custou ao governo  ~R$600*60=$36000 (as universidades e
associações são subsidiadas). Ou seja, só com o evento de *marketing* as
empresas Elsevier, Emerald, Springer, Taylor&Francis e Wiley embolsaram,
indiretamente, ~R$40mil do governo.

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Não encontrei links, seria oportuno alguém escrever um artigo (!)... Aí vai
um resumo contextualizando o setor e sua situação.

Ao contrário de setores de fato atrasados da indústria nacional, a
diagramação e normalização de conteúdo científico é dominada por diversas
empresas, localmente, a custos competitivos, e assimilando a competição e a
parceria internacionais. Por volta de 90 das 100 maiores (maior fator de
impacto) revistas nacionais são integralmente produzidas no Brasil.

Cabe lembrar que a cadeia produtiva dos *publishers*, nos dias de hoje, já
pode ser integralmente realizada em um ecosistema de padrões abertos
<http://stackoverflow.com/a/21345708/287948>.
Por influência do SciELO
<http://blog.scielo.org/blog/2014/04/04/xml-porque/> as editoras e
*publishers* brasileiros estão se capacitando ao *XML-Publishing*, tornando
viável, inclusive, o uso  de cadeias baseadas em *softwares* livres. O XML
reduz custos de produção e de tratamento para elevar a qualidade dos
periódicos científicos.

Se os dados abertos (XML científico)
<https://en.wikipedia.org/wiki/Journal_Article_Tag_Suite> resultantes são
exatamente os mesmos, não se justifica o custo, em alguns casos dezenas de
vezes maior, a ser pago para o *lobby *e os gerentes das empresas
internacionais...
O único diferencial que restava a defender para essas empresas era a opção
(reprocesso) de publicar em *repositórios fechados
<https://en.wikipedia.org/wiki/JSTOR#Access>* e ter algum apoio dos
lobistas nas bibliotecas das universidades estrangeiras. O SciELO já
nasceu, há mais de 15 anos, como Open Acces
<https://en.wikipedia.org/wiki/Open_access>. Ele e o PubMed Central
<https://en.wikipedia.org/wiki/PubMed_Central> são vistos como concorrentes
dos *repositórios fechados*, que vem perdendo mercado a cada ano.


Em 2 de agosto de 2015 19:42, Miguel Said Vieira <msv em dev.full.nom.br>
escreveu:

> Olá pessoal,
>
> o Beall aponta uma questão séria e relevante com seu trabalho; o acesso
> aberto dourado abre caminho pra problemas graves de mercantilização da
> publicação acadêmica, e um dos primeiros esforços mais sistemáticos em
> evidenciar esses problemas foi o da sua famosa e polêmica lista de
> "periódicos predatórios". Mas volta e meia, Beall sustenta posições muito
> questionáveis.
>
> Esse post em questão é exemplo disso. O argumento do texto não é nada
> científico: ele faz diversas afirmações retóricas (sobre a qualidade do
> trabalho de SciELO e Redalyc, sobre as intenções do governo ao cogitar
> contratar grandes editoras), sem nenhuma fonte ou evidência razoável.
>
> Além disso, achei a comparação com favelas / "bairros agradáveis"
> preconceituosa, e com uma conotação bem colonialista; se nossos periódicos
> são carentes de recursos (como "favelas"), não é por uma mera escolha, mas
> por um cenário complexo que envolve (entre outros fatores) a pobreza de
> nossos países e o caráter altamente concentrado do mercado de publicações
> científicas. A comparação também é reveladora da posição dele: ele omite
> que no "bairro agradável" o que temos são condomínios fechados --
> publicações de acesso caríssimo, e que remuneram o oligopólio de grandes
> editoras a taxas de lucro exorbitantes. A "favela" de publicações pode ter
> seus problemas, mas em vários aspectos o condomínio fechado é pior para
> todos (tirando os donos das grandes editoras)...
>
> Minha impressão, aliás, é de que ele é *a priori* contrário a acesso
> aberto (seja predatório ou não). Este artigo dele, por exemplo, passa bem
> essa ideia:
>
> http://www.triple-c.at/index.php/tripleC/article/view/525
>
> Abraços,
> Miguel
>
>
>
> On 08/02/2015 02:13 PM, Everton Zanella Alvarenga wrote:
>
> Caros,
>
> entraram em contato conosco sobre o seguinte episódio envolvendo a SciELO,
> descrito no blog da própria:
>
>
> http://blog.scielo.org/blog/2015/08/02/mocao-de-repudio-ao-ataque-classista-do-sr-jeffrey-beall-ao-scielo/#.Vb4w1nnEPS0.twitter
>
> Alguém aqui tem acompanhado o caso? Devemos nos manifestar? Não conheço
> esse sr., então gostariade saber se ele tem alguma relevância para nosso
> trabalho ampliar o acesso ao conhecimento científico ao ponto de dedicar
> algum esforço de nossa parte.
>
> Tom
> Open Knowledge Brasil
>
>
>
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