[okfn-br] Retirada da fazer-cracia e proposta sobre a meritocracia

Andres MRM andres em inventati.org
Quinta Agosto 13 11:31:27 UTC 2015


Obrigado pela contribuição, Gustavo. Acho que coloca alguns pontos
interessantes. Pena que o Tom usou o seu e-mail para não responder nenhuma das
minhas perguntas... (que estavam justamente tentando achar um ponto de
consenso)


Correndo o risco de voltar para a discussão filosófica, que era justamente o
que estava tentando evitar... O texto que o Edgar passou defende que é preciso
ter igualdade de oportunidade para a meritocracia valer? (porque foi isso que
eu entendi olhando BEM por cima) A ideia que eu estava comentando,
representada pelo trecho que peguei da página da wiki, é que não existe
igualdade de oportunidade. Pequenas diferenças na vida de uma pessoa (no
trecho fala de ser o primeiro ou segundo filho) farão com que ela tenha
motivações, aptidões, visões de mundo distintas, não fazendo mais sentido você
usar a mesma métrica para pessoas distintas.


Mas voltando ao ponto principal, o que estávamos aplicando desde março havia
sido acordado coletivamente (inclusive com você, Tom) fazendo daquilo um
consenso. Se acha que algo não deu certo, e quer mudar, acho ótimo. Temos
sempre que rever nossas práticas e aprimorá-las. Mas o que exatamente não deu
certo? Será que não conseguimos tratar esses pontos ao invés de romper com
tudo ficar discutindo valores sem saber direito as implicações deles?



[2015-08-13 07:50] Everton Zanella Alvarenga:

> Olá Gustavo.
> 
> Seja bem-vindo. Eu gostaria de registrar que gostei muito de sua intervenção
> para auxiliar na chegada de um consenso sobre o tema proposto. Essas formas de
> avaliação social é justamente o que acredito que podemos chegar e gostei da sua
> proposta em tentar achar uma intersecção.
> 
> Concordo plenamente que essa leitura atual do significado de meritocracia está
> contaminando a discussão, por esse motivo, desde o começo, eu disse "Fica aqui
> a proposta para a meritocracia ser um de nossos valores como organização. E
> depois podemos escrever uma redação o que queremos dizer com isso, já que nem
> sempre ela se aplica (e. g., quando as condições iniciais e de ambiente não são
> de igualdade)."
> 
> Desde a proposta inicial da discussão, eu alertei que a meritocracia nem sempre
> se aplica, citando um exemplo das desigualdades. Por isso mesmo acho a sugestão
> de leitura do Edgar na enciclopédia de filosofia de Stanford sobre igualdade de
> oportunidade é muito válida.
> 
> Algumas manifestações parecem expor algo que já discutimos aqui em outros
> contexto, a tirania do pensamento único, muito manifestado nas últimas eleições
> e que resultaram numa polarização pouco salutar, cuja principal causa é, na
> minha opinião, a intolerância com formas diferentes de pensar.
> 
> Agora temos que buscar quais seriam essas formas de recompensa diante do nosso
> trabalho, que deve ter um propósito mais claramente definido. Numa outra
> questão, que também causou divergências muito disruptivas, ficou claro que há
> pontos de vista diferentes sobre os rumos da organização e como ela deve ser
> conduzida. E teremos que aprender a trabalhar juntos com as diferenças ou cada
> um criar seu empreendimento, após acordado civilisadamente que discordamos.
> 
> Mas o caminho é esse, busca o consenso e seu olhar mais externo trouxe luz para
> a discussão. Vamos tentar achar esses mecanismos que apontou e ver as vantagens
> e desvantagens de cada valor sendo proposto (curiosamente, ambos valores foram
> propostos por mim e um deles estou revendo ;).
> 
> Everton
> 
> Em 12 de agosto de 2015 16:43, Gustavo Sales <vatsu21 em gmail.com> escreveu:
> 
>     Olá, pessoas. Tudo bom?
> 
>     Resolvi fazer minha primeira contribuição e em tema controverso. É um risco
>     que assumo. Afinal ainda estou tomando contato com a cultura da OK-Br.
> 
>     Assim, peço, antecipadamente, desculpas caso minha intenção em colaborar
>     esteja fora do momento e/ou do foro adequados.
> 
>     Ao que puder perceber, há por um lado a preocupação com uma melhoria na
>     governança e por outro o receio que questões levantadas na sociedade sobre
>     a meritocracia contaminem a organização.
> 
>     Gostaria de dizer que, com o olhar ainda não enviesado pela política
>     organizacional, vejo uma intersecção interessante que talvez possa ser
>     explorada.
> 
>     Com certeza, a fazer-cracia é importante para que as iniciativas tomem
>     forma com o mínimo de "fricção" organizacional possível. Por outro lado,
>     talvez os resultados do que se faz podem não ser adequados àquilo que a
>     organização necessita. Se fiz uma leitura correta e esse é o problema de
>     governança que se apresenta, acredito ser possível explorar formas de haver
>     controle social dos resultados apresentados. Em outras palavras, não
>     haveria motivo para ferir a fazer-cracia em si, mas sim a adição de
>     mecanismo para avaliação das ações.
> 
>     Assim, as "recompensas" organizacionais não seriam apenas pautadas em quem
>     mais fez, como seria na "fazer-cracia", mas também seriam pautadas na
>     avaliação social das ações (pode-se argumentar que há análise de mérito
>     neste quesito).
> 
>     Sendo assim, não haveria imposição alguma à livre-iniciativa dentro da
>     organização, mas estaria-se endereçando a preocupação com a governança.
> 
>     Uma possível forma de implementação, seria uma avaliação das ações por
>     parte de todos envolvidos em dada ação. Poderia-se implementar tal
>     avaliação em ambiente eletrônico, com indicadores como, por exemplo:
>     aderência aos objetivos da OK-Br, observação de prazos negociados,
>     atingimento das metas estabelecidas pelo grupo participante da ação, etc.
>     Tal avaliação poderia ser 360 graus.
> 
>     O que acham? Acreditam que em algum ponto deste email há algo que possa ser
>     expandindo para a construção de consenso mínimo sobre o tema?
> 
>     Muito obrigado pela paciência com o novato aqui :D
> 
>     Forte abraço,
> 
>     Gustavo
> 
> 



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